Venda de máquinas e equipamentos no semestre fica abaixo da expectativa

O primeiro semestre teve um inicio bem fraco para o setor de máquinas e equipamentos, com as vendas abaixo das estimativas já conservadoras das empresas e entidades do setor. Executivos de diversas companhias ouvidas pelo Valor, principalmente de fabricantes de máquinas maiores, têm manifestado decepção com a demanda local e pouco otimismo para os próximos meses, com a Copa do Mundo e as eleições prejudicando as vendas.

Nos segmentos mais ligados à infraestrutura, como máquinas usadas em construção, pavimentação rodoviária e mineração, as expectativas eram de aumento de demanda antes da Copa do Mundo. Mas isso não aconteceu conforme o previsto, ainda que as obras para o evento tenham aumentado levemente a demanda no país.
Executivos dos segmentos que fornecem equipamentos para estádios e aeroportos também manifestaram decepção com a demanda. Em geral, se espera um aumento de pedidos antes do evento esportivo e, no ano seguinte, uma queda. "Mas não aconteceu essa procura maior no ano passado e neste ano", disse o presidente da fabricante de equipamentos de refrigeração Danfoss na América Latina, Julio Molinari.

No caso específico de linha amarela – que inclui retroescavadeiras, motoniveladoras e pás carregadeiras – algumas companhias estão conseguindo números melhores, já que as vendas têm sido sustentadas pelas compras do governo, que vem fazendo entregas para pequenos municípios. No fim de abril, o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) informou que ainda tinha R$ 1,1 bilhão para comprar máquinas até a metade deste ano, de um total de R$ 4,9 bilhões em dois anos. Apesar de terem surgido rumores no mercado sobre a prorrogação do programa para outras máquinas, ainda não há nenhuma confirmação oficial.

Considerando todas as categorias de bens de capital mecânicos, dados mais recentes da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) mostram queda da carteira de pedidos em março na comparação com fevereiro, para 3,3 meses. O patamar é considerado muito baixo pela entidade e está bem inferior aos 5,1 meses de 2010.

Na avaliação da Abimaq, as vendas estão caindo como um reflexo da falta de investimentos produtivos no Brasil. No primeiro trimestre, o faturamento das companhias representadas pela entidade caiu 9,5% em relação ao mesmo período de 2013, para R$ 16,3 bilhões. O desempenho ruim do setor levou a Abimaq a revisar recentemente suas previsões para o ano, passando a prever um ano igual a 2013, na melhor das hipóteses.

A entidade vem pedido ajuda ao governo, mas na opinião de alguns executivos os pleitos não devem ser atendidos, ao menos no curto prazo. A Abimaq está se reunindo com o governo para pedir medidas emergenciais para melhorar a competitividade das fabricantes nacionais, que enfrentam concorrência dos importados. Um dos pedidos é o aumento das alíquotas de importação de máquinas. Mas as empresas estão pouco confiantes, não apenas pelo fato de ser ano eleitoral, mas porque a medida afeta companhias que têm fábrica no país mas também importam.