Tempo de deslocamento no trânsito subiu 5,9% em cinco anos

Quem precisa se deslocar para trabalhar ou estudar pelos municípios da Baixada Santista sente como o trânsito está pior a cada dia. De 2007 a 2012, houve aumento de 5,9% no tempo médio de viagem pelas cidades (de 31,9 minutos passou para 33,8).

No entanto, é possível observar realidades distintas, dependendo do meio de transporte utilizado. Quem usou carro ou moto, teve, em média, um ganho de 5% no tempo de movimentação. Por outro lado, os usuários de ônibus sentiram uma piora de 12%.

Os números fazem parte da pesquisa origem-destino (OD) da região realizada pela Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU), em 2012.

Conforme o levantamento, mais gente deixou de andar de bicicleta (de 15% caiu para 11%) e a pé (de 32% para 26%) para utilizar um veículo motorizado próprio, cujo número de adeptos aumentou de 21% para 26%.

Segundo especialistas consultados por A Tribuna, esse cenário é reflexo da qualidade, eficiência e custo questionáveis do transporte coletivo.

Outras razões apontadas são a manutenção da política de incentivo fiscal para a compra de veículos motorizados e o subsídio ao valor da gasolina.

Preocupação

O coordenador nacional do Movimento Nacional pelo Direito ao Transporte Público (MDT), Nazareno Stanislau Affonso, afirma que “a mobilidade urbana no Brasil estaria bem melhor” se os números da Baixada fossem os mesmos da média nacional. As marcas locais são superiores no que diz respeito a locomoções individuais motorizadas (30,6%) e ao modo de viagem coletivo (28,9%).

“Apesar do resultado positivo, um aspecto negativo do levantamento é se gastar mais tempo no trânsito, o que significa uma piora na qualidade de vida. É preciso ter ainda uma preocupação com o aumento do transporte individual em um curto período, principalmente se houve a elevação do número de motos”, destaca.

Os números do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) mostram que o número desses veículos em circulação na região saltou de 143.454 para 235.282, em seis anos (de 2007 a 2013) – uma elevação de 64%.

Para o coordenador do Núcleo de Estudos da População (Nepo) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), José Marcos Pinto da Cunha, os resultados da pesquisa OD demonstram o porquê de mais gente optar pela utilização de veículos automotores.

“Muitas pessoas de regiões periféricas não aguentam mais andar de ônibus, pela falta de comodidade e pelo risco de serem demitidas por conta de atrasos no trabalho”.

Já Paulo Ferragi, coordenador da Câmara Temática de Transporte Público de Passageiros, Transportes, Sistema Viário e Deslocamento, do Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana da Baixada Santista (Condesb), critica a política do Governo Federal de incentivo à aquisição de veículos automotores.

“Houve uma facilidade para o acesso ao meio de transporte individual. Esse fato, aliado ao desejo de ter um automóvel próprio e à contenção do preço dos combustíveis, reflete nesse cenário na Baixada Santista e em outras regiões metropolitanas”, justifica ele, que é assessor da presidência da EMTU.

Ferragi acredita que um cenário positivo para incentivar o uso do transporte coletivo na região está projetado para os próximos anos, com o início de operação da primeira fase do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) entre Santos e São Vicente, e do corredor de ônibus de trânsito rápido, para ligar as cidades do Litoral Sul.