Tecnologia para monitorar estradas sem o uso de câmeras

Cerca de 40 mil brasileiros perdem a vida todos os anos em acidentes de trânsito. Para reverter esse quadro e chegar à resolução estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU), que prevê a redução em 50% do número de vítimas no trânsito até 2020, será preciso investir em tecnologia nos veículos, nas estradas e avenidas e na mudança de comportamento dos motoristas.

"Com o regime Inovar Auto, o incentivo à segurança pode aumentar ainda mais no Brasil, que tem dado atenção ao segmento", afirmou no seminário Engenharia Automobilística: Inovação Constante, promovido pelo Valor, o ministro-adjunto britânico dos transportes, Robert Goodwill. Ele destacou que os britânicos têm trabalhado no tema com base em três diretrizes: educação, engenharia e aplicação de leis. Em engenharia, além do trabalho de desenhar rodovias mais seguras, está se analisando o desenvolvimento de air bags para pedestres que circularem próximos dos veículos.

A tecnologia ganha espaço na agenda. Não apenas os veículos estão se tornando mais seguros, mas as inovações têm chegado a outros elos da cadeia. Uma agência de transporte britânica está avaliando a adoção de um sistema de fibras que detecta a formação de congestionamentos sem o uso de câmeras. "Há muito que pode ser feito na área de transportes", avaliou Arch Owen, diretor da OptaSense, que aplica os sensores.

Para Armando Canales, gerente geral da Mira do Brasil, é importante notar que o mundo estará cada vez mais interconectado nas próximas décadas. Serão mais de 80 bilhões de aparelhos móveis ou com acesso à internet. Nesse cenário, a demanda por informação será muito mais intensa do que é hoje. Isso pressupõe que o trânsito de veículos esteja interligado ao de trens e ônibus, para que os usuários possam ter precisão sobre os horários dos serviços oferecidos. "No Brasil, é preciso existir um órgão que possa planejar essa interação e avançar nesse sentido de maior uso da tecnologia", observou. Ele destacou que a coleta dos dados eletrônicos dos veículos e dos passageiros criará um desafio legal e ético. "Isso terá de ser discutido na sociedade."

O diretor de marketing da DHL, Alan Goldsmith, disse que sua empresa tem feito uso intensivo de tecnologia nos últimos anos. Hoje a transportadora movimenta cargas em mais de 200 países com uma frota de cerca de 90 mil veículos, sendo que toda ela é monitorada em tempo real.