Setor de transportes comemora geração de empregos, mas encara desafios
Fim da desoneração da folha de pagamento e necessidade por profissionais operacionais são alguns dos principais desafios
O setor de transportes tornou-se um dos destaques da economia do Brasil, criando 21.011 empregos formais em maio de 2024, conforme informações divulgadas pelo Boletim de Conjuntura Econômica da Confederação Nacional do Transporte (CNT). Esse desempenho favorável, que destaca o setor no boletim, é motivado pelo crescimento da atividade econômica e pela crescente procura por serviços de transporte.
Levando em conta o acumulado de janeiro a março de 2024, o número de empregos formais gerados no setor salta para 31.847, sendo que 22.561 dessas ocupações foram no transporte rodoviário de cargas. Em março, o modal teve 17.617 postos de trabalho, volume bem maior que fevereiro, 4.809.
“Essa análise se deve ao aumento de empregos formais (carteira assinada), puxado pelo setor de serviços, com foco na região sudeste do país. Estimulado pela melhora na demanda por carga, principalmente na última milha (last mile), aliado a alguns sinais e mudanças de mercado, como: estimativa de compra de novos caminhões, avanço da tecnologia e ações mais sustentáveis.”
Desafios a vista
Apesar dos indicadores positivos, o setor apresenta alguns tópicos que podem comprometer um desempenho assertivo para o futuro. Um desses tópicos, citado no boletim, são as consequências da suspensão, decidida pelo STF, da extensão da desoneração da folha de salários para municípios e diversos segmentos produtivos até 2027. Raquel comentou a questão e o que isso implica para o setor de transportes:
“Com a desoneração da folha de pagamento, as empresas conseguem reduzir seus custos com encargos sociais e trabalhistas, o que traz um impacto positivo no orçamento empresarial. Essa redução pode ser significativa e torna as empresas mais competitivas em relação às empresas que não adotam essa medida. Além de direcionar esse valor para investir em mais contratações, equipamentos, capacitação entre outros. A prorrogação da desoneração da folha até 31/12/2027 vai afetar de forma gradual esse movimento de geração de empregos, pois enquanto diminui a cobrança sobre a receita, aumenta a taxa em cima dos salários a cada ano, conforme o Projeto de Lei 334/23.
Falta de profissionais
Outro ponto latente que pode prejudicar esse crescimento é a escassez de profissionais. Alguns pontos que contribuem para esse cenário e desanimam os jovens a ingressarem na carreira, de acordo com a economista do IPTC, são as condições de trabalho desafiadoras, a falta de infraestrutura adequada para os motoristas durante as viagens, jornada de trabalho extensa e o baixo índice de salários para os profissionais durante as viagens.
“A falta de motoristas é um limitador de crescimento e maior gargalo atual do setor atualmente, sim. Por isso, une esforços e ações conjuntas da CNT (Confederação Nacional do Transporte) e Governo com o objetivo de atrair e capacitar motoristas interessados em trabalhar como caminhoneiro. Com essa mão de obra disponível, teríamos muito mais capacidade de expansão da demanda e produtividade operacional.” Analisa Raquel.
Entretanto, a analisa finaliza apontando tendências que devem moldar o futuro da carreira no setor. Entender isso pode ajudar a preencher essa lacuna nas empresas.
“As carreiras não são mais lineares e um plano de carreira longo não faz mais sentido para muitos profissionais. Os contratantes devem se atentar mais às habilidades comportamentais do que técnicas em muitos casos. Além disso, o conceito de equipes multigeracionais deve impulsionar a diversidade nas organizações e nas transportadoras também”.
Frota&Cia / Foto: Divulgação