Setcesp questiona restrição

Nesta segunda-feira, 5, começaram a ser aplicadas multas para quem desrespeitar a restrição a caminhões em São Paulo (SP). A medida vale para a Marginal Tietê e outras 25 vias da capital paulista de segunda a sexta-feira, das 5h às 9h e das 17h às 22h, e aos sábados, das 10h às 14h. A fiscalização estava em vigor desde dezembro do ano passado, mas em caráter educativo.

Durante entrevista coletiva concedida nesta segunda-feira, Francisco Pelúcio, presidente da Setcesp (Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região), criticou a restrição. “Enquanto não estiverem concluídas as obras no Rodoanel não deveria haver nenhuma restrição. Foi uma decisão mais política do que técnica. Depois das obras, a marginal não tem apresentado problemas de tráfego. Então, não há razão para restringir os caminhões”, afirmou Pelúcio, que pretende continuar negociando a questão com a prefeitura de São Paulo e a CET (Companhia de Engenharia e Tráfego). “Em janeiro e fevereiro nós tivemos praticamente uma reunião por semana e pouca coisa foi mudada. Só conseguimos a redução de horário e a liberação dos VUCs (Veículos Urbanos de Carga) da restrição”, disse o dirigente. Segundo ele, a Setcesp pretende, no mínimo, reduzir ainda mais o horário da restrição para que ele seja o mesmo do rodízio municipal, ou seja, das 7h às 10h e das 17h às 20h. Outra reinvindicação do sindicato será o fim do rodízio para os VUCs.

Pelúcio também cobra da prefeitura uma fiscalização mais eficiente contra os caminhões clandestinos. “Existem aproximadamente 2 milhões de veículos clandestinos em São Paulo. Temos cobrado da CET uma maior fiscalização, pois isso já melhoraria muito o trânsito da Marginal Tietê. Mas eles alegam que não têm onde colocar esses veículos”.

Manifestações

Outras entidades do setor também se posicionaram contra a restrição. Nesta segunda-feira, o Sindicato dos Transportadores de Cargas Líquidas e Corrosivas do Estado de São Paulo paralisaram os trabalhos de descarga e de distribuição de combustível nos postos da capital paulista e da região metropolitana da cidade. Já o Sindicam-SP (Sindicato dos Transportadores de Rodoviários de Autônomos de Bens do Estado de São Paulo) organizou protestos em diversas vias contra a medida.

O Setcesp, por sua vez, não irá realizar nenhuma manifestação do gênero, mas a entidade não se posiciona contra os protestos. “Somente vamos continuar negociando, dentro do que a lei nos permite. Mas não podemos interferir nas manifestações. Os autônomos estão no direito deles de protestar”, diz Pelúcio, que acha que os protestos podem surtir efeito. “Pelo jeito, as autoridades vão esperar acontecer alguma coisa para tomar providências”, completa o dirigente.

O presidente do Setcesp contou que a prefeitura ainda está aberta a negociar a questão. “Em uma das reuniões, o prefeito (Gilberto Kassab) disse que ele não é o dono da verdade e se nós provarmos que é possível reduzir a restrição sem afetar o trânsito, isso pode ser feito. Então, vamos providenciar um estudo nesse sentido”, disse Pelúcio. Para o dirigente, a restrição pode provocar um aumento de 15% a 20% no preço dos fretes, pois as empresas terão gastos extras, como a compra de mais veículos e o pagamento de adicional noturno aos motoristas.