Sem Processo quer desafogar o Judiciário

Com o objetivo de desafogar o Judiciário, a startup jurídica "Sem Processo" é uma plataforma on-line para intermediar acordos entre empresas e consumidores. Com aporte inicial de R$ 3,5 milhões, a meta é atingir mil petições mensais até o final do ano.
 
A ideia surgiu da preocupação do CEO da empresa, o advogado Bruno Feigelson, com o aumento contínuo das ações na Justiça na área de consumo, volume estimado hoje em aproximadamente cinco milhões no Brasil.
 
"Além do retorno financeiro, a Sem Processo tem a missão de desabarrotar o Judiciário", avalia Feigelson.
 
Após estruturar o plano de negócios, ele buscou advogados que tivessem interesse em investir na plataforma e que também partilhassem do ideal de reduzir o número de processos na Justiça.
 
Feigelson conta que a startup não tem vínculo com escritórios e somente pessoas físicas – todos advogados – fazem parte do fundo de investimentos. "Acredito que vamos ter um crescimento orgânico. O interesse pela plataforma tem crescido muito rapidamente."
 
Segundo estimativas da Sem Processo, todos os custos envolvendo uma única ação de consumo na Justiça somam cerca de R$ 2 mil por mês à empresa. Neste sentido, Feigelson acredita que a plataforma será interessante para as duas partes, principalmente porque a intermediação reduzirá drasticamente o tempo de resolução dos conflitos.
 
Atualmente, a Sem Processo conta com quase três mil advogados cadastrados. O profissional insere a petição inicial no sistema e aguarda o encaminhamento à empresa, que decide pelo acordo ou não. "Nossa empresa ganha um valor fixo por acordo fechado", destaca o CEO.
 
Metas

 
A Sem Processo começou a operar há pouco mais de um mês, mas todo o desenvolvimento da ferramenta começou a ser feito no início do ano.
 
Com sede na capital do Rio de Janeiro, a startup conta com aproximadamente dez funcionários, entre eles programadores, designers, profissionais da área comercial e de comunicação e marketing.
 
"A maior parte das empresas que sofrem ações de consumo já está cadastrada na Sem Processo. As que não estiverem, nós vamos atrás", revela o CEO da companhia.
 
Do lado dos advogados, a meta é atingir, até o final do ano, 20 mil cadastros. "Muitos advogados de renome já estão inseridos no nosso sistema. A ideia de desafogar o Judiciário atrai muitos profissionais", explica Feigelson.
 
Outro ponto importante levantado pela startup é o sigilo que envolve os procedimentos do sistema. Só os advogados que cadastram a petição, além da empresa correspondente, têm acesso ao arquivo, o que confere segurança aos envolvidos. "Não há exposição da imagem corporativa", pontua.
 
O fundo de investimentos que possibilitou a criação da Sem Processo é formado por advogados que, segundo o CEO da empresa, acreditam na resolução de conflitos do direito do consumidor fora do âmbito da Justiça. Conforme revela Feigelson, muitos acordos já foram fechados.
 
"A nossa projeção é atingir o break even em 18 meses", estima. Cerca de 30% dos investimentos já foram aplicados no desenvolvimento da ferramenta e, o restante, têm sido colocados em ações de marketing, vendas e comunicação.
 
Feigelson observa que a Sem Processo deve se tornar uma Sociedade Anônima (SA) à medida que entrarem mais recursos. "Esse é o caminho natural", acredita ele. "Nossa ideia é trazer a tecnologia de forma inteligente para o mundo jurídico", complementa.

11/07/2016