Projeto para implantar rodízio de carros em BH volta à pauta

Diante do caos que o belo-horizontino vem enfrentando diariamente no trânsito, a proposta de rodízio de carros voltou à pauta de discussão na Câmara Municipal. Um projeto de lei, engavetado desde 2007, deve voltar a tramitar nos próximos dias. A proposta prevê que Belo Horizonte adote o sistema de restrição de veículos na região central da capital, dentro do perímetro da avenida do Contorno, nos moldes do que acontece em São Paulo desde 1997.

Desde a última terça-feira, com a repetição pela terceira semana seguida de engarrafamentos que pararam a cidade em vários pontos, o assunto voltou a ser discutido pelos parlamentares. A intenção, segundo o vereador Wagner Messias, o Preto (DEM), autor do projeto nº 1.553/07, é adotar o sistema de forma experimental por seis meses, de segunda a sexta, exceto nos feriados.

Pela proposta, a cada dia dois finais de placa seriam proibidos de circular na área delimitada. A fiscalização ficaria a cargo da Guarda Municipal. “Há dois anos nós falamos que o trânsito de Belo Horizonte iria parar e isso realmente está acontecendo. Chegou a hora de colocar o projeto para tramitar”, disse o vereador. O parlamentar disse que vai ouvir a população. Para isso, irá agendar audiências públicas com moradores e representantes de órgãos que controlam o trânsito na capital.

O presidente da Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans), Ramon Victor Cesar, descarta a possibilidade de rodízio. A autarquia já teria feito estudos sobre a proposta e diz que o foco é melhorar o transporte público. “Essa poderia ser uma boa solução para esse período de obras, mas não implantaríamos uma intervenção dessas de forma temporária”.

Com uma frota de 1,4 milhão de veículos e um crescimento anual de 10% na quantidade de carros em circulação, Belo Horizonte tem atualmente nove obras de mobilidade urbana. As intervenções afetam o trânsito nos principais corredores de trânsito, em todas as regionais.

“O rodízio deve ser discutido. Temos que conscientizar os motoristas para que eles não comprem placas com finais diferentes”, defende o vereador Ronaldo Gontijo (PPS), que disse ser a favor da proposta. “O trânsito está conturbado em toda a cidade. Temos que pensar em alternativas para atender a todos os motoristas”, afirmou o vereador Henrique Braga (PSDB), que defendeu a reformulação da proposta.

Hábito – Paulistano cria formas de escapar da norma.

São Paulo é a única cidade brasileira que tem rodízio de veículos. A medida, em vigor desde 1997, provoca atualmente uma redução de 20% na quantidade de carros na região central da cidade. Hoje, três milhões de veículos passam todos os dias pela área de 100 km² dentro do minianel.

Segundo especialistas e a Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo (CET), a diminuição poderia ser maior se alguns paulistanos não burlassem a norma comprando dois veículos com placas de finais diferentes para circular todos os dias.

Dois finais de placas são impedidos de circular todos os dias na área delimitada, de segunda a sexta-feira, das 7h às 10h e das 17h às 20h. Na segunda, são os veículos com placas de finais 1 e 2; às terças, os de 3 e 4; às quartas, 5 e 6; toda quinta-feira, os 7e 8. Às sextas-feiras, os carros com placas finais 9 e 0 não podem rodar no centro. Quem infringe a norma é multado em R$ 85,13 e soma quatro pontos na carteira. “Os motoristas têm que sair de casa um dia sem carro e não comprar um outro veículo”, disse o especialista Aguimar Simões.