Produção industrial tem terceira alta seguida

A produção industrial avançou pelo terceiro mês seguido em agosto. A alta de 1,5%, a maior desde maio do ano passado, foi puxada por setores beneficiados pela redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
 
"O crescimento da produção foi muito calcado em bens de consumo duráveis, e não por acaso eles foram os beneficiados pela redução de IPI. A produção de automóveis, eletrodomésticos e móveis é destaque. Em três meses, há um ganho acumulado de 9,4% na produção dos bens de consumo duráveis", disse André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do IBGE.
 
O aumento de 3,3% na venda de veículos automotores foi o principal responsável pelo bom desempenho da indústria em agosto, mas a expectativa é de que o segmento deva provocar uma queda na próxima leitura do indicador, por causa da diminuição nas vendas de automóveis em setembro, anunciada pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). Mesmo assim, analistas preveem que o resultado não impedirá um PIB melhor no terceiro trimestre.
 
O Banco WestLB prevê queda de 0,8% na produção industrial em setembro. Mas os resultados positivos da indústria acumulados em julho e agosto já "levariam a um crescimento de 1% no PIB (brasileiro), no terceiro trimestre ante o segundo", calculou Luciano Rostagno, estrategista-chefe do WestLB do Brasil. "Há uma recuperação em curso, está evidente nos números. Mas não podemos dizer que é uma recuperação sustentável", disse Rostagno, ressaltando que a expansão na indústria ainda é calcada em incentivos do governo.
 
Em agosto, a divulgação do forte crescimento da indústria foi acompanhada por revisões das taxas dos meses anteriores, que mostram agora um desempenho ligeiramente melhor. Os dados foram bem recebidos pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), que considerou "um resultado robusto, que reflete a retomada da economia brasileira e confirma uma possível nova tendência para a indústria brasileira já neste segundo semestre".
 
Entre julho e agosto, todas as categorias da indústria mostraram expansão na produção, bem como 20 das 27 atividades pesquisadas. "Esse resultado de agosto, além de ter magnitude mais intensa em relação aos meses anteriores, mostra também um espalhamento do crescimento, algo que não era observado no segmento industrial havia algum tempo", disse Macedo.
 
No entanto, na comparação com o mesmo período do ano anterior, a indústria ainda tem perdas. A queda foi de 2% em agosto. No ano, a produção ainda recua 3,4%. Enquanto a fabricação de automóveis cresceu 6,5% no período, a de caminhões despencou 35,4%, fazendo com que o segmento de veículos automotores tivesse perda de 11,2%.
 
"Nem toda a cadeia caminha bem. A produção de automóveis caminha em velocidade muito superior à produção de caminhões. Há uma evolução puxada pelos automóveis, mas a pressão negativa dos caminhões faz com que esse segmento de veículos automotores seja o principal impacto negativo na indústria em agosto ante agosto de 2011", apontou Macedo.
 
A queda na produção de caminhões é explicada por uma antecipação do consumo no fim do ano passado, mas também pela desaceleração da economia e de setores estratégicos, como o extrativo e a construção civil, segundo o IBGE. Como resultado, o desempenho dos bens de capital também vem sendo afetado.