Produção automotiva deve cair 10% neste ano
As montadoras brasileiras devem fechar 2014 com volume de fabricação 10% inferior ao total produzido em 2013, sob o impacto de vendas estimadas em 5,4% abaixo do comercializado no ano passado e de exportações quase 30% menores (29,1%). Essas são as novas projeções da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), mais pessimistas do que no início do ano, mesmo com a decisão do Governo Federal de manter o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) reduzido para os carros até 31 de dezembro. O incentivo seria retirado, com o retorno de alíquotas normais – no caso do automóvel com motor 1.0, passaria de 3% para 7% – a partir do dia 1º.
A associação seguia, até o mês passado, com estimativa de crescimento de 1,4% na produção no ano em relação a 2013, com base em expectativa de alta de 1,1% nos licenciamentos e 1,6% nas exportações. A queda projetada na fabricação, se confirmada, será o maior tombo (percentualmente) no setor desde 1998, quando a atividade produtiva no segmento recuou 23%. No entanto, na época, saía das linhas de montagem no País praticamente a metade do volume atual. Em 1997, foram fabricadas 1,86 milhão de unidades e, no ano seguinte, 1,43 milhão. Para este ano, a entidade prevê o total de 3,34 milhões de veículos produzidos.
As projeções para 2014 poderiam ser ainda mais negativas se o governo federal tivesse tirado neste mês o incentivo do IPI reduzido, segundo o presidente da Anfavea, Luiz Moan. Ele calcula que a elevação de alíquotas agora significaria queda de vendas de quase 10% para o ano todo em relação a 2013.
A associação prevê movimento de recuperação no segundo semestre em relação aos resultados dos primeiros seis meses, embora isso não deva ser suficiente para reverter a queda do início do ano. De janeiro a junho, o setor produziu 1,57 milhão de unidades, 17% menos que no mesmo período de 2013, para se adequar à retração de 7,6% nas vendas no mercado interno e de 35% nas exportações na comparação com mesmo período de 2013.
A Copa do Mundo colaborou para a demanda mais fraca, de acordo com a entidade. Na primeira metade deste ano, houve apenas 119 dias úteis. No mesmo período de 2013, foram 122. “E o crédito continua bastante seletivo”, disse Moan. Com o consumo retraído, montadoras fizeram uso de férias coletivas, licenças e suspensão temporária de contratos, o que impactou na produção. Em junho, o setor tinha acumulado 45 dias de estoques (o tempo necessário para a desova pelo ritmo atual de vendas), o que é mais do que os 41 observados em maio.
Moan confia em melhora tanto nas vendas internas quanto nas exportações. Em relação ao mercado externo, ele considera que novo acordo automotivo com a Argentina ajudará a impulsionar a relação comercial entre os dois países.
Carga tributária do carro é bem maior no País, aponta estudo
A indústria automobilística brasileira tem carga tributária bem mais elevada que em outros países, aponta estudo divulgado ontem pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).
No Brasil, mesmo desconsiderando o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), a carga de impostos sobre o preço de carro médio (entre 1.0 e 2.0 litros de motorização) fica em 21,8%, bem mais que nos Estados Unidos (7%), Japão (9,9%), Alemanha (16%) e França (16,4%).
No entanto, o consumidor precisa pagar ainda 3% (taxa média) de IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores), entre outros tributos. No cálculo, também não estão mais 5,1% de encargos que não são recuperados e são embutidos no custo de produção. Com isso, a carga tributária sobre o veículo sobe para 54,2%. A soma do que é recolhido ao governo durante a produção pelas fábricas, com o que é pago depois pelo consumidor que adquire o carro, resultou na arrecadação de R$ 173 bilhões em 2013, segundo a Anfavea.