Preço do biocombustível continua em alta no país

Em menos de três meses, o preço do etanol hidratado, que é usado diretamente nos tanques dos veículos, subiu, em média, 36% ao consumidor do Estado de São Paulo. Mas a "paulada", que acertou em cheio o bolso do motorista, não foi suficiente para reduzir a demanda pelo biocombustível. Por isso, especialistas avaliam que o preço do hidratado nos postos terá que continuar em alta nos próximos meses para frear as vendas e ajustá-las à oferta disponível.
 
A alta no varejo, facilitada pelos reajustes da gasolina, está em linha com a valorização ocorrida na usina, que no Estado de São Paulo foi de 35% no período, segundo o indicador Cepea/Esalq. "O consumo mensal precisa cair para o patamar de 1,1 bilhão de litros para se equilibrar com a oferta", disse Plinio Nastari, presidente da consultoria Datagro,.
 
Em outubro, a demanda mensal por etanol hidratado bateu o recorde de 1,747 bilhão de litros no país, conforme dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP). Não há ainda dados oficiais da agência sobre novembro, mas o levantamento da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) sobre as vendas das usinas do Centro-Sul – que funcionam como um "termômetro" – indicam que essa demanda no mês que passou vai ficar entre 1,45 bilhão a 1,5 bilhão de litros, conforme cálculos da Datagro.
 
Em novembro, as usinas do Centro-Sul venderam às distribuidoras 1,439 bilhão de litros de hidratado, 15% menos que em outubro, mas ainda insuficiente para se equilibrar com a demanda. "A questão é que ainda está prevalecendo o efeito renda. Abastecer com o biocombustível significa um desembolso menor do que encher o tanque com a gasolina", disse Nastari. Ele calcula que uma retração mais forte do consumo virá apenas quando a paridade entre os dois produtos – atualmente em 73% – for a 75% ou 76%.
 
O analista da consultoria FG Agro William Hernandez afirma que o etanol hidratado pode atingir, na usina em São Paulo, o patamar de R$ 2 o litro. Esse valor pode ser até maior e chegar a R$ 2,20, caso haja um reajuste de 6% na gasolina A, como vem sendo esperado pelo mercado. Também cresce a expectativa de que o governo federal eleve a incidência da Cide na gasolina em janeiro de 2016 para ajudar a fechar as contas públicas.
 
Na última semana, depois de quatro semanas de quedas consecutivas, o preço do etanol hidratado na usina em São Paulo voltou a reagir. O indicador Cepea/Esalq para o produto encerrou a semana entre 7 e 11 de novembro em R$ 1,7002 o litro, uma valorização de 0,17% em relação à semana anterior.