PIB fica estável no 4º trimestre ante 3º tri e cresce 2,9% em 2023
O Produto Interno Bruto (PIB) terminou o ano de 2023 com crescimento de 2,9%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No quatro trimestre o PIB ficou estável em relação ao terceiro.
O resultado das Contas Nacionais Trimestrais veio ligeiramente abaixo da mediana das estimativas de 66 consultorias e bancos ouvidos pela reportagem do Valor, que indicava alta de 0,1% nos últimos três meses do ano. As projeções iam de queda de 2,2% a alta de 0,5%.
O IBGE revisou a taxa de variação do Produto Interno Bruto (PIB) do país para o terceiro trimestre do ano. Assim, o PIB do período de julho a setembro, frente ao do segundo trimestre, foi revisto de 0,1% para estabilidade.
Na comparação com o quarto trimestre de 2022, o PIB teve expansão de 2,1%, ante expectativa apurada pelo Valor de crescimento de 2,2%. As 64 projeções iam de alta de 0,3% a 3,1%.
Oferta
Pelo lado da oferta, a indústria cresceu 1,3% no quarto trimestre, em comparação com o terceiro, acima da expectativa de alta de 0,7% apurada pelo Valor. Frente ao quarto trimestre de 2022, a indústria avançou 2,9%. Nessa base de comparação, a previsão era de alta de 1,9%. O setor industrial fechou o ano de 2023, dessa forma, com um crescimento acumulado de 1,6%.
O setor de serviços teve expansão de 0,3% no quarto trimestre, ante o terceiro, em linha com a estimativa média apurada pelo Valor. Na comparação com o quarto trimestre de 2022, houve alta de 1,9%, também em linha com a previsão. Com o desempenho de outubro a dezembro, o setor de serviços fechou 2023 com alta de 2,4%.
Já a agropecuária caiu 5,3% no quarto trimestre, ante o terceiro, resultado bem pior do que a projeção média de queda de 1,7% apurada pelo Valor. Na série interanual, que compara com o desempenho de igual período de 2022, houve estabilidade. O resultado veio abaixo da previsão do Valor, de alta de 6%. No encerramento do ano, a agropecuária teve alta de 15,1%.
Demanda
Pelo lado da demanda, o consumo das famílias caiu 0,2% no quarto trimestre ante o terceiro, feito o ajuste sazonal. A expectativa apurada pelo Valor era de um crescimento de 0,3%. Frente ao quarto trimestre de 2022, o indicador teve alta de 2,3%. Bancos e consultorias estimavam alta de 2,8%. Com o resultado, o consumo das famílias fechou 2023 com aumento de 3,1%.
A melhora do mercado de trabalho, a inflação menor e os programas de transferência de renda do governo ajudaram a impulsionar o consumo das famílias em 2023, segundo Rebecca Palis, , coordenadora de Contas Nacionais do IBGE. O indicador teve alta de 3,1% em 2023, ante o ano anterior, ritmo menor que o de 2022, quando tinha crescido 4,1%.
Segundo Palis, o aumento da ocupação e da massa salarial real, além do arrefecimento da inflação, tiveram influência no resultado. “Os programas de transferência de renda do governo colaboraram de maneira importante no crescimento do consumo das famílias, especialmente em alimentação e produtos essenciais não duráveis”, diz ela.
A demanda do governo, por sua vez, aumentou 0,9% e a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, medida das contas nacionais do que se investe em máquinas, construção civil e pesquisa) também, no quarto trimestre frente ao terceiro.
Analistas consultados pelo Valor estimavam aumento de 0,2% para o consumo do governo e recuo de 0,1% para a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF).
Na comparação com o quarto trimestre de 2022, houve alta de 3% no consumo do governo e retração de 4,4% na FBCF. Nesta base de comparação, as projeções de mercado eram de alta de 1,8% e queda de 5,5%, respectivamente.
Com o desempenho do quarto trimestre, o consumo do governo fechou 2023 com alta de 1,7% e os investimentos, com recuo de 3%.
Por fim, a taxa de investimento atingiu 16,5% do PIB em 2023, enquanto a taxa de poupança foi de 15,4% do PIB.
Setor externo
Segundo o IBGE, as exportações ficaram estáveis, enquanto as importações tiveram alta de 0,9% no quarto trimestre, ante o terceiro.
Em relação ao quarto trimestre de 2022, exportações subiram 7,3%, e importações caíram 0,9%.
Consultorias e instituições financeiras esperavam, na média, alta de 0,7% para as exportações e também de 0,7% para as importações.
A agropecuária e o setor extrativo puxaram para cima o desempenho do PIB de 2023. A análise partiu de Rebeca Palis.
Em informe sobre o resultado, Palis citou o resultado recorde da Agropecuária, que teve expansão de 15,1%, dentro do PIB, em 2023, como um dos fatores que impulsionaram economia no ano passado. Ela detalhou que, em 2023, houve influência do crescimento da produção e de ganho de produtividade da Agricultura, no país.
“Esse comportamento foi puxado muito pelo crescimento de soja e milho, duas das mais importantes lavouras do Brasil, que tiveram produções recorde registradas pelo Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA)”, afirmou, no comunicado.
No informe, a pesquisadora detalhou ainda outra influência positiva no resultado do PIB de 2023: o desempenho das Indústrias Extrativas. Essa atividade teve alta de 8,7% em 2023, comentou ela. Isso se deve ao aumento da extração de petróleo e gás natural e de minério de ferro, observou.
Outro destaque positivo, no PIB do ano passado, continuou a pesquisadora, foi Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos, com alta de 6,5%, em 2023. “Houve condições hídricas favoráveis e a bandeira verde vigorou durante todo o ano de 2023. Além disso, o fenômeno climático ‘El Niño’ aumentou a temperatura média, impactando o consumo de água e energia”, justifica a pesquisadora, no comunicado.
O IBGE atualizou também as taxas de variação da série com ajuste sazonal para o segundo trimestre de 2023, que tinha sido alta de 1%, para aumento de 0,8%, e para o primeiro trimestre, de 1,4% para 1,3%, na série com ajuste sazonal.
As revisões foram apresentadas junto com as Contas Nacionais Trimestrais referentes ao quarto trimestre de 2023.
Fonte: Valor Econômico / Foto: Divulgação