Para BID, logística dificulta acesso e concentra exportação em poucas cidades

Apenas dez cidades brasileiras correspondem a 46% do total exportado pelo país, de acordo com estudo realizado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), divulgado ontem em evento na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). O estudo mostra ainda que apenas 20% dos 5.563 municípios do Brasil exportam algum tipo de produto e que desde a década de 90 não houve alteração significativa entre o peso nas vendas ao exterior das regiões. O Sudeste segue inalterado como o principal polo exportador.

Essa concentração geográfica das vendas ao exterior segue as condições logísticas. O trabalho analisou dados do Brasil e de países latino-americanos entre 2007 e 2010 para mapear o impacto e a dinâmica dos custos de transporte nos preços das exportações.
De acordo com Maurício Mesquita, economista do banco, observou-se que onde há melhor infraestrutura, maior é a competitividade da produção. Para ele, faltam discussões mais aprofundadas sobre o custo de logística. "O custo do frete chega a ser três vezes maior do que a tarifa de exportação. Não tem sentido falar apenas em acordos de livre comércio se os ganhos mais significativos estão na área de logística", disse ele.

A logística ganhou mais peso a partir da mudança no eixo do comércio exterior nos últimos dez anos. Segundo Mesquita, a fragmentação das cadeias globais e a emergência da Ásia fizeram com que bens intensivos em transportes, como commodities em geral, ou bens sensíveis ao tempo, que precisam chegar rápido, necessitassem de uma logística mais cara e integrada.