Obras paradas ou atrasadas de rodovias custaram R$ 10 bilhões

São obras que ajudariam a reduzir custo do transporte, que tem peso grande nos preços. Levantamento é do DNIT, a pedido do Bom Dia Brasil.

O Bom Dia Brasil tomou a estrada para ver por que o consumidor paga tão caro pelos produtos que viajam pelo país antes de chegar aos supermercados. Um dos motivos são as obras que deveriam melhorar as condições das rodovias e estão atrasadas, paradas ou nem saíram do papel. Um levantamento mapeou essas obras, avaliadas em R$ 10 bilhões.

São obras que ajudariam a reduzir o custo do transporte, que tem um peso importante nos preços. Todo mundo sabe disso e o governo também, tanto que o DNIT – o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – fez um levantamento, a pedido do Bom Dia Brasil, que mostra essa situação.

Buraco na estrada é buraco também no bolso no consumidor, porque o produto demora mais para chegar às prateleiras e, quando chega, está mais caro. Veja na reportagem de Beatriz Buarque e Heloísa Torres.
Você acha que as estradas estão ruins? Pois é, 95 obras em rodovias estão atrasadas em 21 estados e no Distrito Federal.

A placa escondida no meio do mato diz que vai ter duplicação, mas está só escrito, porque feito não está. É no Maranhão, na BR-135.

No Rio Grande do Sul, 14 trechos com tudo devagar. O sindicato que fala pelas empresas que fazem as obras disse que o Governo Federal não pagou o que devia.

Se o atraso já complica, pense nas obras que simplesmente não andaram. São 10 no total, não escapa nenhuma região do país.

A BR-101, no trecho de Parnamirim, Rio Grande do Norte, vive congestionada. O plano é construir seis viadutos, passarelas. São pouco mais de 13 quilômetros. Agora, a previsão para o começo das obras é 14 de julho e serão dois anos de reformas. “Já perde quase a metade do dia. Esse trânsito daqui é horrível. Ainda mais esse pedaço aqui”, diz uma motociclista.

O Bom Dia Brasil teve acesso ao levantamento feito pelo próprio DNIT, Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes. Para essas obras atrasadas e paradas o governo tinha reservado quase R$ 10 bilhões, mas não disse quanto já foi pago.

Segundo a Confederação Nacional dos Transportes, além dos atrasos e das paralisações, tem as que ficaram só na promessa mesmo e que também estavam previstas no programa do governo. “Os relatórios de execução do próprio PAC mostram que entre 2011 e 2014 35% das obras rodoviárias previstas sequer começaram. Então isso acaba mostrando que o governo tem uma dificuldade gerencial de fazer com que as obras – mesmo sendo consideradas prioritárias – de fato saiam do papel e gerem benefício para a sociedade”, diz o diretor-executivo do CNT, Bruno Batista.

Uma rodovia ruim, com buraco, sem um asfalto bom não atrapalha só quem dirige nela, porque gera aquele efeito dominó.  O caminhão que carrega comida, por exemplo, tem que andar mais devagar, atrasa para chegar, pneu fura com mais facilidade, suspensão, freio. Com tudo isso, a viagem acaba saindo 26% mais cara, segundo a CNT. Parte disso vai parar lá no mercado, porque a verdura e a fruta acabam ficando mais caras e esse é um dos motivos.

Fora o custo dos acidentes: são por ano, em média 170 mil e oito mil mortes. “Este custo social é de R$ 17 bilhões. Então, na prática, os acidentes custam mais do que o que o governo investe em rodovias”, ressalta Batista.
O DNIT reconhece que há um descompasso entre o que já foi construído e conferido e o que foi pago, mas os atrasos, na maioria, não são causados por isso e sim por inúmeros fatores. Segundo o DNIT, se fosse detalhar os motivos do atraso de cada contrato, não haveria espaço na reportagem.

Quanto às obras de manutenção das estradas, os atrasos, segundo ainda o DNIT, são provocados por problemas técnicos, como a necessidade de adequação às normas ambientais.

Não são só as rodovias que estão com obras paradas: as hidrovias e as ferrovias também. Nas hidrovias federais, cinco obras estão paradas: três em São Paulo, uma na Bahia e uma no Amazonas. O total do investimento chega a mais de R$ 20 milhões. Nas ferrovias, o DNIT informou que são quatro obras paradas: duas em Santa Catarina, uma na Bahia e uma no Rio de Janeiro.