NTC&Logística comemora 50 anos na Fenatran e aponta principais temas do TRC

Idealizadora da Fenatran, a Associação Nacional dos Transportadores de Carga e Logística – NTC&Logística – celebra seus 50 anos em estande comemorativo na 19ª edição do evento e aponta as principais questões do transporte rodoviário de cargas para os próximos anos. Investimento em infraestrutura, mão de obra e renovação de frota são os temas mais relevantes para o desenvolvimento do setor, segundo o presidente da entidade, Flávio Benatti.

O estande da NTC&Logística será palco de reuniões e debates sobre os próximos passos do setor, reunindo empresários, executivos e sindicatos, além dos membros da Comissão de Jovens Empresários – ComJovem-, que realizará uma Reunião Nacional no primeiro dia da feira (28/10) para debater temas relacionados à logística e ao transporte.

O Museu Brasileiro do Transporte, uma iniciativa da FuMtran – Fundação Memória do Transporte – estará presente no estande da Associação com um modelo inédito de exposição, criando interação entre as obras expostas e o público frequentador, por meio de recursos de multimídia de alta tecnologia.

Como parte das comemorações de aniversário, a entidade entregará a Medalha de Mérito do Transporte NTC aos seguinteshomenageados: Adriano Lima Depentor, Altamir Filadelfi Cabral, Edmara Claudino dos Santos, Elza Lúcia, Gildásio Vilela de Castro, Haroldo Rodolfo Zacarias, Deputado Mauro Ribeiro Lopes, Vicente Aparício y Moncho e o Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviário de Cargas e Logística do Rio de Janeiro – Sindicarga, em comemoração aos 80 anos da entidade.

Infraestrutura e renovação de frota

De acordo com pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), apenas 9% dos mais de 95 mil quilômetros de rodovias pavimentadas foram avaliados como ótimo, enquanto 62,7% são considerados regulares no país. “Esses resultados demonstram a situação precária de mais de 60 mil quilômetros da malha rodoviária, o que é um abuso, já que o setor rodoviário é responsável por mais de 67% do total de cargas transportadas no Brasil”, afirma Flávio Benatti, presidente da NTC&Logística.

“É preciso que o Governo Federal entenda a importância de parcerias público-privadas para dar conta desta demanda de investimentos em infraestrutura, pois é clara a diferença de qualidade entre os serviços prestados pelas empresas privadas e o estado”, enfatiza Benatti. Nas rodovias sob concessão, cerca de 85% são classificadas como ótimo ou bom, enquanto nas que estão sendo geridas pelo governo, 72,2% das estradas são consideradas regulares, ruins ou péssimas.

Para agravar a situação do TRC, a idade média da frota de caminhões no Brasil é de 11,9 anos, segundo a Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT), uma média alta na opinião da NTC&Logística. De acordo com a entidade, o ideal é, no máximo, oito anos de operação por veículo, idade constatada na frota das transportadoras.

Um dos principais problemas é a alta emissão de poluentes na atmosfera. “Em 2012, foi implantado o Euro 5 (Proconve 7), e todos os caminhões fabricados a partir de janeiro já seguiam com as exigências estabelecidas para redução da poluição veicular, porém alterar o perfil da frota levará algum tempo”, salienta Benatti. Já está em discussão a criação de um plano nacional de renovação de frota, o RenovAr, que considera mecanismos econômicos, financeiros e fiscais, com ênfase em um programa especial de crédito ao caminhoneiro e a retirada de circulação dos veículos antigos. Este programa está em negociação com a CNT, entidades e o Governo.

Os estados de São Paulo e Rio de Janeiro já contam com ações de incentivo à renovação da frota, os dois programas iniciaram este ano. Segundo o Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran-SP), cerca de 30% dos 610 mil caminhões registrados junto ao órgão têm mais de 30 anos e não respeitam as regras de redução de emissões.

Lei dos Motoristas e falta de mão de obra

A Lei 12.619/2012, conhecida como Lei dos Motoristas, está em vigor desde o ano passado e continua sendo amplamente debatida. A lei surgiu a partir de discussões em volta da regulamentação da profissão de motoristas, que envolviam debates desde o pagamento de horas extras aos profissionais à redução dos acidentes nas estradas. “A NTC&Logística defende o aperfeiçoamento da Lei 12.619/2012, não só em razão dos vetos que dela suprimiram disposições consideradas essenciais para a sua aplicação, mas também para a correção de distorções nela contidas, que dificultam sua perfeita interpretação e aplicação”, explica o diretor jurídico da entidade, Marcos Aurélio Ribeiro.

A falta de mão de obra é um reflexo da imagem negativa do transporte rodoviário de cargas. Um estudo do Instituto Bonilha, de Curitiba, indicou que 80% dos mil pesquisados não têm nenhum interesse em trabalhar no setor de transportes. “A promulgação da lei é um avanço para o setor, pois garante direitos básicos ao motorista e gera interesse da população em atuar na profissão, precisamos mudar este quadro”, afirma Benatti.

Uma pesquisa realizada pelo Departamento de Custos Operacionais e Estudos Técnicos e Econômicos – DECOPE, em 2011, mostrou que 13% da frota das empresas está parada por conta da falta de mão de obra. “É para garantir a oferta de motoristas no mercado e, consequentemente, o desenvolvimento do setor que a NTC&Logística busca a profissionalização do TRC, apoia a Lei do Motorista, incentiva a formação de motoristas profissionais e a renovação da frota de caminhões”, conclui Benatti.