No setor de veículos, o consumo desafia a crise

O setor de veículos teve um desempenho muito favorável no primeiro quadrimestre do ano: a produção cresceu 17% em relação ao mesmo período de 2012 e as vendas, medidas pelo número de emplacamentos, avançaram 8,2%. Há um contraste entre os números do setor – em que o consumo continua forte – e os de outros segmentos, inclusive de consumo de massa, como alimentos, em que os indicadores são menos satisfatórios.
 
A produção de 1,17 milhão de unidades, no quadrimestre, e de 3,51 milhões, nos últimos 12 meses, ofereceu saltos "excepcionais" em relação a 2012, disse o presidente da associação das montadoras (Anfavea), Luiz Moan. Mas, enfatizou, o crescimento nos próximos meses será mais modesto, pois a base de partida de 2012 foi muito baixa.
 
O crescimento porcentual das vendas foi muito favorecido pelos dados de abril, depois de dois meses de queda (fevereiro e março), relativamente a 2012.
 
O grande destaque, no mês passado e no quadrimestre, foram as vendas de máquinas agrícolas automotrizes e de caminhões, considerados bens de capital e indicadores da disposição de investir.
 
As vendas no atacado de máquinas agrícolas cresceram 32,3%, na comparação entre os meses de abril de 2012 e 2013, e 29,6%, entre os primeiros quadrimestres. Nas mesmas bases de comparação, a produção de caminhões aumentou 56,5% e 43,8%, respectivamente. As vendas de caminhões têm subsídios, com base no Programa de Sustentação do Investimento (PSI), em que os juros são de 3% ao ano.
 
É inegável que o setor de veículos se tem beneficiado com a redução da carga tributária. Isso ajuda a explicar o crescimento numa fase em que a economia avança lentamente. Mas também é inegável a disposição de compra da população, seja pagando à vista, seja com financiamento. Isto é, as restrições de crédito aplicadas pelos bancos para evitar a inadimplência parecem atingir o setor de veículos em menor escala.
 
Já a disposição de investimentos anunciada pelas montadoras chega a ser surpreendente, levando em conta o custo Brasil e a ociosidade de fábricas no exterior. Só a Fiat informou que pretende investir R$ 15 bilhões até 2016. Com isso, as projeções de investimentos de R$ 60 bilhões, até 2017, estão sendo revistas para mais.
 
Dado o peso do setor na indústria de transformação, não se deve afastar a hipótese de uma reação do PIB industrial superior à prevista.