Navegação na hidrovia Tietê-Paraná deve voltar só em novembro

A retomada do transporte na hidrovia Tietê-Paraná não deve ocorrer antes de novembro. Com a navegação interrompida desde maio por causa do volume insuficiente de água, o canal está começando a sofrer com erosões.  O setor de transporte prevê que o prejuízo decorrente da situação, inédita, supere R$ 200 milhões.

 

Segundo o governo do Estado de São Paulo, a situação é mais grave no canal de Pereira Barreto. Sem água, as margens estão cedendo e assoreando o leito do rio, o que, no futuro, exigirá obras e intervenções do Estado para retirar a terra excedente.

 

O DH (Departamento Hidroviário), ligado à Secretaria de Estado dos Transportes, diz que esse problema pode trazer mais prejuízos para quem oferece o transporte e para quem usa a hidrovia para escoar a produção.

 

A Tietê-Paraná tem papel crucial no transporte de cargas no Estado. Em 2013 foram escoadas por ela 6,1 milhões de toneladas de milho, soja, óleo, farelo e cana-de-açúcar.

 

O diretor do DH, Casemiro Tércio Carvalho, diz que o governo paulista pediu à União que libere 4 bilhões de litros de água (1.600 piscinas olímpicas) dos reservatórios de São Simão e de Água Vermelha, onde estão represados 20 bilhões de litros, para que o transporte fosse retomado.

 

Porém, a ANA (Agência Nacional de Águas) e o ONS (Operador Nacional do Sistema) pretendem usar a água para geração de energia.

 

"Quanto mais tempo demorar para liberar água na hidrovia, mais obras serão necessárias", disse Carvalho.

 

O presidente do sindicato das empresas que navegam na hidrovia, Luiz Fernando Horta de Siqueira, diz que o episódio deixará quem utiliza o transporte por água receoso de usar o modal.

 

Nelson Michielin, dono da DNP Indústria e Navegação, responsável por quase um terço da carga transportada pela Tietê-Paraná, afirma que o canal de Pereira Barreto é o único que dá acesso à hidrovia para as embarcações que saem do Centro-Oeste.

 

"Se ocorrer muita erosão [no canal de Pereira Barreto] as embarcações encalham. Será preciso dar manutenção. Isso vai prejudicar a retomada da navegação", diz.

 

Em nota, o governo federal informa que a solicitação do DH não pode ser atendida porque poderia comprometer o abastecimento energético do país até o fim deste ano.

 

"A ANA solicitou ao setor elétrico que apresente alternativas para a situação, mas é preciso ressaltar que não há solução simples para o problema", diz nota da agência.