Motoristas que dirigem a noite correm mais risco de acidente
Muitos motoristas não gostam de dirigir à noite. Reclamam da visibilidade e da atenção redobrada que precisam tomar. E eles estão certos! Perda de visibilidade pela metade, noção de espaço desorientada e aumento natural do sono. Esses são alguns dos fatores que transformam a noite no período em que mais ocorrem acidentes, proporcionalmente.
De acordo com o Centro de Policiamento de Trânsito da Capital, o período das 18h à meia-noite é o mais intenso, com 37,4% dos acidentes registrados.
Nas estradas, a realidade não é diferente, 38% dos acidentes ocorrem no período noturno em trechos do Rodoanel e nas rodovias Raposo Tavares e Castello Branco. "O número é considerado alto se for levado em conta que o fluxo nessas vias é mais intenso pela manhã, até pela existência de muitos perímetros urbanos", analisa o comandante do 3° Batalhão de Polícia Militar Rodoviária, tenente Reziti.
A dificuldade em dirigir à noite não é revelada apenas pelos números, mas também pela ciência. De acordo com o diretor de comunicação da ABRAMET (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego), Dirceu Rodrigues, a visão periférica é reduzida, fica tubular e borrada. "Não conseguimos dimensionar espaços, distâncias e velocidade com a mesma exatidão que temos de dia. O sono vem naturalmente, sentimos a fadiga do desgaste diário e tendemos a relaxar e perder atenção", diz.
A especialista em psicologia do trânsito Salete Romero expõe outro agravante da direção noturna: o fenômeno natural lusco-fusco. "Ele consiste na transição entre o dia e a noite e atrapalha nossa visão porque ela demora a se acostumar com a mudança de luminosidade", explica.
De acordo com a especialista, a maioria das ocorrências é registrada em rodovias em boas condições. "Isso acontece porque a soma entre asfalto liso e estradas mais vazias (devido ao horário) resulta na aplicação de maior velocidade no carro, o que reduz a visibilidade e torna o cenário propício a acidentes."
Diante desses fatos, especialistas e representantes dos órgãos que cuidam do trânsito entram em consenso: prudência e atenção são as melhores atitudes para evitar acidentes à noite.
Prevenção é a melhor saída
Melhor prevenir do que remediar. A frase é clichê, mas adequa-se perfeitamente em relação aos acidentes noturnos. A máxima vale tanto para os motoristas quanto para as autoridades.
Para o diretor de medicina ocupacional da Abramet, Dirceu Rodrigues, o condutor deve adequar-se às normas de trânsito e dirigir com atenção. "A velocidade deve ser reduzida, deve-se manter distância de segurança do veículo à frente. Não fazer ultrapassagens e usar farol baixo em caso de neblina são outras atitudes que ajudam o condutor a evitar acidentes", afirma.
O médico entende ainda que o papel das autoridades é garantir boas estradas e sinalização adequada, sem esquecer da iluminação dos pontos críticos e próximo de áreas urbanas.
O comandante do 3° Batalhão de Polícia Militar Rodoviária, tenente Reziti, afirma que a Polícia Militar faz sua parte, estudando pontos de baixa luminosidade e fazendo fiscalização contínua para verificar as condições dos condutores e inibir excessos de velocidade.
A medida é correta, mas não deve limitar-se a isso, acredita a especialista em psicologia do trânsito Salete Romero. Para ela, o condutor deveria receber instruções sobre direção noturna desde a escola, quando tem aulas de educação no trânsito. "Não somos orientados desde cedo com relação aos perigos de trafegar à noite. Acredito que grande parte do problema se dá por falta de informação", diz.
Não existe receita para que você e sua família façam jornada segura à noite. Aliando informação e boas condições das vias, basta seguir as normas e aproveitar a viagem.
11/4/2012