Montadoras vão parar para ajustes

As montadoras da região seguem fazendo ajustes para se adequar aos altos estoques e às vendas em ritmo menor que as do ano passado.

A Ford e a Scania, por exemplo, programaram para este mês paradas de produção. Segundo dados da Anfavea (Associação Nacional das Fabricantes de Veículos Automotores) divulgados na segunda-feira, o comércio de veículos de janeiro a setembro está 9,1% menor em relação ao mesmo período em 2013, atingindo 2,53 milhões de veículos. Os estoques (tempo necessário para desovar a produção) atingiram 41 dias (404 mil unidades) – o período normal, segundo analistas, é de 25 dias.

A Ford fez uso de banco de horas para interromper atividades nas fábricas de carros e caminhões em São Bernardo nesta semana, até sexta-feira, e vai repetir a medida do dia 20 até 27. Por meio de nota, a companhia disse que o “objetivo é ajustar o ritmo de produção à demanda do mercado”.

A empresa, que no início de setembro já havia parado por cinco dias, conta, nessa fábrica, com total (incluindo também pessoal da áreas administrativa e de logística) de 4.300 funcionários, mas não divulgou quantos deles pararam. Por sua vez, a Scania, na mesma cidade, comunicou que terá dois dias de paradas, um deles na sexta-feira, que envolverão tanto a montagem de caminhões quanto a de ônibus e, outro, cuja data ainda não foi definida. Em setembro, a montadora já tinha deixado de produzir por dois dias. Também por meio de nota, informou que isso ocorre “em razão do desaquecimento do mercado brasileiro e argentino” e que continuará avaliando mês a mês as condições de mercado para definir os volumes. Trabalham na fábrica 3.200 funcionários, mas não foi divulgado quantos vão parar.

LICENÇA – Outras fabricantes da região fazem uso de estratégias, como lay-off (suspensão temporária de contratos), para se ajustar à demanda fraca. A Volkswagen, por exemplo, colocou 780 trabalhadores da fábrica da Anchieta em casa, por essa sistemática – que tem prazo limite de cinco meses e, nesse período, a empresa paga parte do salário e o restante é complementado com recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), desde que os funcionários façam cursos de qualificação –, e a Mercedes-Benz suspendeu outros 1.200 trabalhadores da unidade são-bernardense. Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, na Volks, após esse lay-off, que vai até dia 19, a companhia deverá afastar da atividade produtiva outro grupo de trabalhadores. Por sua vez, na Mercedes-Benz, diz o sindicalista, o plano da empresa é renovar a suspensão até abril, mas pagando o salário integral dos afastados.

DEMISSÃO – O PDV (Programa de Demissão Voluntária) aberto pela General Motors na região no início do mês e que iria até segunda-feira recebeu apenas 33 adesões, segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão. Ele disse que por causa do número de inscritos pediu a prorrogação do prazo até sexta-feira. A companhia também se ajusta à demanda menor. Sindicato fecha acordos salariais com 109 empresas Programada para hoje pela FEM-CUT (Federação dos Sindicatos de Metalúrgicos da Central Única dos Trabalhadores) como parte da mobilização para que os empresários melhorem a proposta de reajuste salarial, a greve dos metalúrgicos deve se concentrar principalmente em empresas de máquinas e equipamentos na base da entidade na região.

Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, já houve acordos com indústrias de autopeças, fundição, forjaria, entre outros segmentos, para a concessão de 8% de aumento (inflação mais 1,55% de ganho real), como pleiteado pelos representantes da categoria. Até ontem à noite, 109 grandes indústrias (com mais de 100 trabalhadores) de quatro cidades do Grande ABC abrangidas pela entidade (São Bernardo, Diadema, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra) já concordaram em pagar esse índice. Marques cita que esse número de companhias, somando com as montadoras, representa 70% da categoria. Faltariam apenas indústrias de grande porte do ramo de máquinas e outras pequenas.

Ao todo, de acordo com o sindicato, há cerca de 1.300 estabelecimentos nessa base. A luta é pelo reajuste de 8%. “Não estamos pedindo nada que asfixie as empresas”, diz o sindicalista. Ele acrescenta que a greve será pequena, por causa dos acordos que seguem sendo fechados individualmente. A entidade não divulga previamente os locais em que haverá paralisação, sob a justificativa de que isso poderia enfraquecer a mobilização. Ainda segundo o sindicalista, o ano foi difícil, mas o quadro já não é mais tão alarmante. “A inadimplência está caindo, o endividamento das famílias também e as vendas (de veículos) cresceram em setembro”, afirmou.

FATURAMENTO – No entanto, pesquisa do Sindipeças (Sindicato Nacional das Indústrias de Componentes Automotores) mostra que o desempenho de faturamento das autopeças vem piorando nos últimos meses. Neste ano até agosto, o faturamento médio do setor registra queda de 13,5% em relação ao mesmo período de 2013, de acordo com o levantamento. De janeiro a julho, a retração era de 13% em relação aos oito meses iniciais do ano passado e, no primeiro semestre, o recuo era de 12,5%.12,512,5.