Mesmo com incentivo, vendas de caminhões acusam baixa no semestre

O mercado de caminhões encerrou o primeiro semestre com uma queda de 12,10% no volume de licenciamentos, na comparação com igual período do ano anterior, evidenciando os efeitos da antecipação de compras de veículos Euro 5, para evitar os reajustes de preços dos modelos Euro 6, em vigor a partir de 1º de janeiro de 2023, entre outros motivos. É o que revela o levantamento com base no Renavam divulgado hoje (4) pela Fenabrave, entidade que reúne os distribuidores de veículos, que apontou um total de 50.352 caminhões emplacados de janeiro a junho deste ano, ante 57.282 unidades do período anterior.

No sentido contrário, o mercado de ônibus mostrou forte evolução no ano em curso, ao contabilizar 13.399 chassis licenciados, ante 9.188 unidades emplacadas em 2022, evidenciando um aumento de 45,83%. O motivo, segundo Marcelo Franciulli, diretor executivo da Fenabrave, é a retomada das viagens rodoviárias em decorrência do aumento das passagens aéreas, em especial.

O resultado dos dois segmentos, contudo, não guarda qualquer relação com a Medida Provisória 1.175 do governo federal que criou o programa de incentivo para renovação da frota, com recursos da ordem de $700 milhões no caso dos caminhões e R$ 300 milhões para ônibus. A iniciativa, anunciada no último dia 5 de junho pelo ministro Fernando Haddad, não alcançou o mesmo sucesso dos automóveis e comerciais leves, cujo montante de recursos praticamente se esgotou em menos de um mês, para alegria dos distribuidores de veículos.

Compra condicionada

No caso dos caminhões, o incentivo não conseguiu convencer nem profissionais autônomos nem empresários, uma vez que a negociação envolvia a entrega de veículos com idade superior a 20 anos para serem sucateados, associada à compra de um veículo comercial 0 Km com descontos que variam de R$ 33 mil a R$ 99 mil, considerados baixos pelo mercado.

Segundo Andreta Jr., presidente da Fenabrave, o segmento de caminhões passa por um momento difícil, diante dos juros elevados e o aumento da inadimplência, que dificultam os financiamentos de veículos Euro 6. “Além disso, o mercado tem mostrado cautela para finalizar a aquisição de veículos novos, em função dos preços dos produtos com a nova tecnologia”, afirma.

Apesar do segmento ter sido o mais beneficiado com descontos tributários, a Medida Provisória não gerou negócios, ressalta o dirigente. “Principalmente, os profissionais autônomos, aguardam o Programa RENOVAR, que está em discussão entre o Governo e as entidades do setor, e que visa promover a renovação gradativa da frota. Ou seja, eles irão trocar os caminhões de mais de 20 anos por outro de 15 anos; ou um de mais de 15 anos por um de 10 anos e assim sucessivamente”.

Fonte: Frota e Cia / Foto: Divulgação