Executivos do setor opinam sobre o uso do Free Flow nas rodovias

Entenda o que é o sistema de pedágio e quais seus pontos positivos e negativos

Com a ideia de reduzir filas e a complexidade de uma infraestrutura de cabines de pedágio nas rodovias, um sistema de pedágio chegou ao Brasil em 2023. Esse é o Free Flow que entrou em operação no país em março em um trecho da rodovia Rio-Santos (BR-101) localizado no estado do Rio de Janeiro.

Na prática, a estrutura é composta por um pórtico equipado com câmeras e antenas capazes de identificar os veículos. Ele checka o veículo pela placa ou pela tag instalada no mesmo. Além disso também consegue checkar a quantidade de eixos de um caminhão, por exemplo.

Na hora de pagar existem dois jeitos. Quem tem a tag no carro pode usar o débito automático na conta. Caso o condutor não utilize essa tag, é necessário realizar o pagamento em até 15 dias corridos nos canais digitais da concessionária da rodovia (CCR RioSP) ou de forma presencial em uma das bases operacionais.

Solução para quem usa trechos curtos

Eduardo Ghelere, diretor executivo da Ghelere Transportes, comentou sobre a ajuda que o sistema pode dar para pessoas que moram perto das rodovias e eventualmente precisam usar só algum trecho dela. O que antes acarretaria na necessidade de pagamento integral da tarifa, parece ser mais justo agora.

“O ponto positivo é que quem usa paga proporcionalmente, tende a ser o mais justo dos sistemas. Agora, precisamos garantir que os valores e as cobranças sejam corretos, e não tenhamos aquelas pegadinhas de calcular velocidade média, aplicar multa ou outro penduricalho. Precisamos de um sistema que funcione.”

Fluxo de tráfego

Outro ponto ressaltado no assunto é a melhora no fluxo de tráfego. Ainda não existem estudos sobre isso na Rio-Santos, mas é natural que melhore. Além do tempo de espera na fila, o sistema elimina a necessidade de carregar dinheiro para executar o pagamento na hora.

“Para mim, teremos um fluxo de tráfego mais eficiente ao eliminar a necessidade de parar nas praças de pedágio, economia de tempo pois, os motoristas não precisam mais perder tempo esperando em filas nas praças de pedágio, o que pode resultar em viagens mais rápidas e eficientes e melhor de tudo é a conveniência, não há necessidade de carregar dinheiro para pagar o pedágio.” Comenta Danilo Guedes, presidente da ABC Cargas.

Pontos de preocupação

Um ponto de preocupação levantado no setor é como as concessionárias vão lidar com a privacidade das imagens coletadas. Danilo lembra que existem um risco de uso indevido.

“Uma das coisas é como as concessionárias lidarão com a privacidade e segurança, porque alguns sistemas de pedágio Free Flow usam tecnologias de identificação, como leitura de placas de veículos ou reconhecimento de transponders, o que pode levantar preocupações sobre a privacidade dos motoristas e o potencial uso indevido dos dados coletados.”

Outra possível questão pode ser a dificuldade para quem usa a rodovia bem esporadicamente e não tenha a tag instalada. José Alberto Panzan (diretor da Anacirema Transportes e presidente do SINDICAMP) levanta o ponto:

“Para se trafegar na rodovia com esse sistema, haverá necessidade de ter o tag, e caso o usuário da rodovia seja apenas esporádico, talvez terá o ônus de ter que pagar a mensalidade do tag. Prefiro olhar sobre esse assunto como uma inovação que trará mais benefícios para os usuários, já amplamente utilizado na Europa e EUA.”

Novos testes do Free Flow

O uso do sistema na Rio-Santos ainda é bem recente, já que foi implantado em março. Em breve teremos mais dados para avaliar os ganhos e os possíveis problemas. Mas já existem outras rodovias na fila para adotar a tecnologia.

O próximo trecho equipado será a Ponte Rio-Niterói. A concessionária EcoPonte pretende iniciar os testes até o mês de junho para dar mais fluidez ao trânsito. O preço ainda não foi divulgado.

Atualmente os motoristas pagam R$ 4,10 (de 6h de segunda-feira às 18h de sexta-feira) a R$ 6,80 (fins de semana) na Rio-Santos.

Fonte: Frota&Cia / Foto: Divulgação