Indústria espera que corte do IPI seja mantido

O fraco desempenho da economia no terceiro trimestre e a queda das vendas de veículos em novembro, de 8,74% ante outubro, acendeu a luz vermelha das fabricantes e do governo. As duas partes vão se reunir nos próximos dias para avaliar a manutenção do corte do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), previsto para acabar dia 31.
 
 
Segundo fontes do setor, o governo está propenso a manter o benefício, ainda que enfrente pressão de Estados e municípios que perderam parte do repasse que recebiam desse imposto.
 
No curtíssimo prazo, o governo também tenta garantir resultado de vendas robusto neste mês, para evitar vexame ainda maior no resultado do PIB. Analistas já preveem crescimento abaixo de 1,2% para o ano.
 
O plano anunciado ontem pelo Banco do Brasil, de carência de seis meses para início do pagamento das prestações do carro, faz parte de uma série de medidas de curto prazo que devem ser adotadas em vários setores.
 
"É uma medida de curto prazo justamente porque é um risco", diz o presidente do conselho da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Roberto Vertamatti. "Vejo com preocupação porque há muitas medidas pontuais, mas não há plano consolidado para se buscar um crescimento sustentável da economia que passaria, por exemplo, por mudanças no sistema tributário, que é irracional."
 
Sobre a manutenção do IPI menor, um executivo diz que o "governo precisa de um setor com crescimento mais forte para puxar a economia, e ninguém melhor que a indústria automobilística para ajudar nessa tarefa". O IPI caiu de 7% para zero para carros nacionais 1.0 e de 11% e 13% para 5,5% e 6,5% para aqueles com motores até 2.0.
 
O presidente da Ford Brasil, Steven Armstrong, espera um crescimento de 2% a 4% para o mercado de veículos em 2013, mas o desempenho vai depender do cenário macroeconômico, das taxas de juros e da continuidade ou não do IPI menor. "Esperamos que os estímulos ao consumo continuem".
 
Marginal. No próprio meio automotivo, contudo, há quem avalie que o desconto do IPI já não é um indutor tão importante das vendas, e que é necessário pensar em outro tipo de incentivo.
 
O setor deve encerrar 2012 com aumento de 4% a 5% nas vendas, para cerca de 3,8 milhões de veículos. Esse crescimento, contudo, é visto como marginal diante de um cenário que contou com IPI reduzido, juros mais baixos da história, desconto dado pelas montadoras e número recorde de lançamentos.
 
Em novembro, foram vendidos 311,7 mil veículos, quase 9% menos que em outubro e 3% menor que em igual mês de 2011. No ano todo foram vendidos 3,44 milhões de unidades, 4,8% a mais ante o mesmo intervalo de 2011.Para este mês, as montadoras projetam vender 340 mil veículos e apostam numa corrida às lojas em razão do fim do IPI