Hidrovia Tietê-Paraná perde 86% da carga
A falta de condições para transporte causou uma redução de 86% no volume de cargas transportadas entre fevereiro e abril deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado, na Hidrovia Tietê-Paraná no Estado de São Paulo. E a situação pode piorar ainda mais a partir desta quinta-feira, 8, quando as barcaças deixarão de operar, porque, no sábado, 10, o Departamento Hidroviário (DH) vai baixar o calado dos barcos para apenas dois metros, o que impede a navegação.
Segundo o departamento, que gerencia a hidrovia em São Paulo, em 2013 foram transportadas 4,5 milhões de toneladas ante apenas 619 mil em 2014. A diferença, de 3,9 milhões, está sendo transportada de caminhões, aumentando o custo, só com fretes, em R$ 706 milhões. A hidrovia é o principal canal de escoamento da safra de soja do Mato Grosso e de Goiás. A soja é levada de embarcações até Pederneiras e de lá seguem em ferrovia até o Porto de Santos.
A estiagem e o uso da água para geração de energia em alta escala reduzem o nível do rio, impossibilitando a navegação. Nos três últimos dias, oito comboios, carregados com 38 mil toneladas de soja, farelo de soja, madeira e celulose, tiveram de parar o transporte à espera de água suficiente para fazer a travessia na eclusa da Hidrelétrica de Nova Avanhandava, em Buritama (SP), principal trecho crítico da hidrovia.
"Isso ocorre porque o nível dos reservatórios continua caindo e o Operador Nacional do Sistem (ONS) não sinaliza com redução no ritmo de redução de geração de energia pelas usinas de Nova Avanhandava, Três Irmãos e Ilha Solteira. Esta última, embora esteja no Paraná, é interligada com a hidrovia pelo canal de Pereira Barreto", explicou o diretor do DH, Casemiro Tércio Carvalho.
Na tentativa de viabilizar a navegação, os operadores realizam as chamadas "ondas de vazão", operações que consistem em turbinar a geração de energia em Nova Avanhandava para aumentar o nível do rio e possibilitar a passagem pela eclusa. Ocorre que as ondas exigem da usina a redução de geração de energia destinada à comercialização, reduzindo lucro e também podem colocar em risco a segurança das embarcações. Além disso, o ONS sinalizou que não vai mais permitir a operação. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.