Governo quer segurar caminhões para tentar evitar caos em portos

Safra maior deve ampliar movimento em estradas, e obras não ficam prontas a tempo no Sudeste. No Norte, ampliação da Ferronorte, novos terminais no Pará e melhoria da BR-163 ajudam escoamento.

Sem ter concluído obras para melhorar os acessos terrestres e marítimos ao porto de Santos (SP), o principal do país, o governo aposta em um sistema de controle de caminhões para evitar novo caos nas estradas paulistas no início de 2014, quando começa a ser escoada a safra agrícola para exportação.
Em entrevista à Folha, o ministro de Portos, Antônio Henrique da Silveira, afirmou que um grupo interministerial trabalha para melhorar o gerenciamento dos caminhões na chegada a Santos.

A ideia é que a administração do porto instale postos de controle nas estradas de acesso, para segurar os caminhões antes da descida da serra do Mar e só os libere no momento da descarga.

Hoje há apenas dois postos desse tipo, na cidade de Cubatão (após a descida da serra). Eles têm capacidade para reter apenas algo entre 20% e 30% do tráfego de veículos em direção ao porto.

Dez anos contra filas – Sistema semelhante começou a ser desenvolvido, em 2000, no porto de Paranaguá (PR), onde os caminhoneiros hoje são avisados por SMS sobre o horário de saída para o descarregamento no porto.

Foram dez anos de melhorias para acabar com as filas, o que ocorreu a partir de 2011, segundo o superintendente do porto, Luiz Dividino.
"Hoje há caminhão fazendo uma viagem a mais por semana pela redução do tempo de espera", disse Dividino.

Safra maior – As previsões divulgadas ontem pelo IBGE são de uma safra recorde, de quase 200 milhões de toneladas, cerca de 15% superior à do ano passado, quando caminhões levando grãos para o porto paralisaram estradas que iam ao litoral de São Paulo.

Silveira confirmou que obras para melhorar o escoamento da safra não ficam prontas até fevereiro, mês em que o número de caminhões que passam pela região começa a aumentar.

Nem mesmo pequenas intervenções viárias na região de Santos vão estar concluídas. Obras mais importantes, como rodovias e ferrovias para levar parte da safra do Centro-Oeste para a região Norte ou melhorias na chegada ao porto, também não estarão prontas, mas o governo já não contava com elas devido aos atrasos.

Segundo Edeon Vaz, do Movimento Pró-Logística de Mato Grosso, a safra de grãos do principal Estado produtor do país será cerca de 5 milhões de toneladas superior à do ano passado, quando chegou a 43 milhões de toneladas.

Esse excedente poderá ser escoado por novos meios criados neste ano, entre eles o aumento da capacidade da Ferronorte, a inauguração de novos terminais no Pará e a melhoria da BR-163.

Mas, segundo Vaz, quantidade praticamente igual à do ano passado continuará descendo de caminhão para portos do Sul e Sudeste.
Ele afirma que, como não foram inaugurados novos terminais portuários nem foram feitas melhorias no acesso dos navios, o escoamento não deve melhorar.