Estiagem prejudica escoamento de carga na hidrovia Tietê-Paraná

A falta de chuvas que afetou o interior do Estado de São Paulo no começo do ano prejudicou o transporte de cargas pelos rios por causa do baixo nível da água. Com isso, barcaças não conseguiram distribuir o material, que teve de ser feito por caminhões.

 

A seca é como um sinal vermelho para as barcaças. Em pontos críticos, como no rio Tietê, em Buritama (SP), a profundidade é de apenas 2,6 metros, a metade do normal para esta época do ano. Por causa disso, técnicos estão monitorando o trecho 24 horas por dia. “Tem locais que estão com pedras, pode vir a furar o casco, e outros locais que são de areia, pode vir a encalhar a barcaça. Com isso, pode até ocasionar perda do produto", afirma Luciano Alves Friori, condutor de barcaça.

 

A seca nos rios afeta também o volume da carga que é transportada pelas barcaças. Na hidrovia Tietê-Paraná, por exemplo, um comboio de barcaças carrega 4,6 mil toneladas de grãos vindo de Goiás para exportação. Se não fosse a estiagem, o mesmo comboio poderia levar seis mil toneladas. Para não encalhar, a quantidade transportada teve que ser reduzida em até 30%.

 

O problema é maior, porque já que se o transporte não pode ser feito de barco, o jeito é seguir de caminhão. Com isso, 100 deles vão para as estradas por dia, aumentando o tráfego nas estradas do Estado. “Nós estamos com mais de 55% da safra colhida, uma safra que já é 10% maior e nós podemos perder esta carga, porque só com caminhão esta carga não consegue ser escoada”, diz o diretor do Departamento Hidroviário do Estado de São Paulo Casemiro Tércio.

 

As 12 hidrelétricas instaladas ao longo da hidrovia fazem aumentar o problema. Quanto mais energia é gerada, mais os reservatórios baixam, o que dificulta a navegação. A situação pode ficar ainda mais complicada nos próximos meses. “No segundo semestre nós temos a safra de milho, então o milho pode ser comprometido, o escoamento da produção pela diminuição do nível nos reservatórios pode ser comprometido. Se não chover é preocupante. A gente não quer que a hidrovia pare, mas a gente não pode ficar dependendo de São Pedro. Planejamento tanto no setor energético quanto no setor de transportes é importante”, afirma Caesmiro.