Em MT, colheita da soja avança e o frete sobe no mesmo ritmo

Em Mato Grosso, os agricultores encontram dificuldade para transportar a safra. O número de caminhões é menor que o necessário e o valor do frete disparou.
  
O agricultor Paulo Lauxen, de Sinop, norte de Mato Grosso, acredita que vai demorar mais 40 dias para terminar de colher os 2,5 mil hectares de soja que tem plantados. Mesmo assim, Paulo já contratou o frete que vai levar os grãos da propriedade para o armazém em um trajeto de 12 quilômetros. "Eu contrato transporte para 80% da safra para levar da fazenda até o armazém e esse custo está saindo 20% a mais do que eu paguei o ano passado", diz.
 
Jeison Tanchella, gerente de uma transportadora, confirma a alta de 20% no frete e diz que muitos agricultores optaram pelo contrato antecipado para evitar mais surpresas na hora da colheita. "Fechamos de 20 a 30% mais contratos antecipados em relação ao ano passado. Hoje muitos clientes estão contratando mediante multas rescisórias para evitar que no futuro o frete acabe como um leilão, onde quem paga mais, consegue o serviço".
 
Para se ter uma ideia, de Canarana, em Mato Grosso, até o Porto de Santos, em São Paulo, o valor do frete chega a R$ 233 por tonelada. Em uma semana, a alta foi de 27%.
 
A situação é mais preocupante porque a produção este ano deve ser 8% maior que na última safra e porque apenas pouco mais de 21% de toda a área de soja foi colhida em Mato Grosso.
 
"Já estamos nos níveis dos fretes mais altos do ano passado e ainda não temos nem 50% da safra colhida. A previsão, infelizmente, é muito ruim", explica João Birkhan, consultor do mercado de grãos.
 
Em todo o Brasil, a tendência é a mesma. Só de soja, o país terá que movimentar para portos e indústrias em 2014 um volume aproximadamente 10% maior que no ano passado, chegando perto de 90 milhões de toneladas do grão.