Copa do Mundo movimenta logística de pequena e média

Enquanto setores como turismo e comércio ainda se mostram inseguros com o desempenho do mercado durante a Copa do Mundo, o ramo logístico comemora o incremento nas operações voltadas ao Mundial. Entre as pequenas e médias, o transporte de brindes, camisetas, bolas e televisores cresceu mais de 40% nos últimos três meses.
 
"O principal motivador para esse incremento foi a Internet. Com muitos sites vendendo itens para a Copa as transportadoras menores conseguiram bons contratos", diz Roberto Longo, doutor em logística urbana pela Universidade de São Paulo (USP)
 
Quem aproveitou este bom momento para ampliar a frota e aumentar a carteira de clientes foi a transportadora cearense Fortaleza Transport. O presidente da empresa, João Augusto Soares, disse ao DCI que a Copa foi fundamental para expansão da empresa. "Fechamos parcerias locais com empresas de e-commerce para distribuição de produtos relacionados à Copa. Aproveitamos também para novos contratos para entrega de brindes em bares, restaurantes".
 
No balanço do semestre, o executivo projeta um incremento de 20%. "A maior parte da demanda foi verificada nos meses de maio, e a perspectiva é que o mês de junho também seja forte. Enquanto o Brasil avançar no Mundial, nós avançamos", brincou.
 
O mesmo incremento foi verificado na transportadora JadLog. Especializada em transporte e logística de cargas expressas fracionadas, a empresa registrou um avanço na casa dos dois dígitos em função da Copa do Mundo. "Registramos desde abril um aumento mais acentuado na entrega de produtos relacionados à Copa do Mundo, e a expectativa é que a demanda se mantenha firme até o início do evento", disse o diretor comercial da JadLog, Ronan Hudson.
 
Segundo o executivo, os destaques das vendas foram bolas de futebol, camisetas de seleções e materiais promocionais. "O volume de entrega de bolas aumentou cinco vezes, assim como o de televisores. Em relação às camisetas e materiais promocionais – que incluem banners, materiais impressos e brindes diversos -, a JadLog está despachando quase quatro vezes mais do que o volume movimentado em meses normais", disse ele, lembrando que as vendas virtuais foram destaque.
 
Plano de contingência
 
Para evitar problemas de mobilidade durante o Mundial, a Atlas anunciou um plano de contingência para evitar atrasos nas entregas. De acordo o diretor operacional André de Almeida Prado, a empresa investiu em um levantamento para determinar qual será o impacto de mobilidade nas filiais levando em conta os dias de jogos e a distância das unidades para os estádios.
 
"No mapeamento, foram avaliadas as principais vias que devem ser utilizadas no acesso aos estádios. Esta etapa também compõe um trabalho mais amplo que revisa todo o processo de movimentação de veículos e estrutura de distribuição da filial", explica o executivo.
 
A perspectiva é que nas cidades sede do mundial a atenção deva ser redobrada. "Das 56 filiais que a Atlas possui 12 delas funcionam em cidades que serão palco dos jogos da Copa. Portanto, é imprescindível elaborar um Plano de Contingência para melhor atender nossos clientes durante este importante acontecimento esportivo, visando prever e se antecipar aos possíveis impactos tanto em nossas atividades quanto na cadeia logística de nossos clientes", como argumenta o diretor de planejamento da Atlas, Lauro Megale.
 
Entre as grandes
 
O efeito da Copa do Mundo também foi sentido entre as gigantes do setor. Exemplo disso, a Mercosul Line, braço da gigante de Maersk, registrou um incremento nas cargas de cabotagem na casa dos 50%, puxadas por itens como televisores, eletrônicos e máquinas de ar condicionado, que saem de Manaus, em direção ao Sudeste. "Houve alta nesses itens em função do Mundial de futebol. Achamos que alguns produtos, como televisores, devem dar uma desacelerada nos próximos trimestre, mas há perspectiva de substituição dessas mercadorias por outras", diz o CEO da Mercosul Line Roberto Rodrigues.
 
As rotas de subida (que vão do sul e sudeste para norte e nordeste) levam itens como aço, alimentos e carnes, enquanto as de descida (de Manaus para o sul e sudeste) transportam produtos eletrônicos, como televisores.
 
Outra gigante, a Aliança Navegação e Logística, também projeta bons resultados com o Mundial. "O ano de 2014, com a Copa do Mundo no Brasil, promete novos desafios. A movimentação de contêineres aumentará, necessitando uma maior capacidade de transporte e de infraestrutura portuária", diz o gerente de cabotagem do grupo, Gustavo Costa.
 
Segundo o executivo, a empresa preparou um plano especial de contingência para o período. "A Aliança Navegação e Logística se preparou com a adaptação dos itinerários e aumento da frota. A empresa passou a atender em 16 portos, de Buenos Aires até Manaus, com o serviço de cabotagem dividido em quatro slings (anéis) e um total de 116 escalas mensais", disse ele, lembrando que a cabotagem, com descida de Manaus, também foi destaque.