Contêiner puxa recorde em Santos

A movimentação de contêineres no porto de Santos, maior do país, cresceu 10,2% nos primeiros cinco meses do ano – quase duas vezes o índice global do porto -, chegando a 1,23 milhão de Teus (contêiner de 20 pés), divulgou ontem a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp). Segundo especialistas, o principal motivo para a expansão foi a migração para o contêiner de cargas tradicionalmente embarcadas soltas no navio, como os grãos. "É uma forma de agilizar os embarques e reduzir o custo de mão de obra [a operação conteinerizada é automatizada]", afirma o presidente em exercício da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro.
 
Também a necessidade de reposicionar no mercado contêineres usados nas importações estimulou a transferência de mercadorias dos navios graneleiros para os porta-contêineres. "Destacando-se nesse cenário o milho, com crescimento de 60%, e o açúcar, com 41%", afirmou o diretor de desenvolvimento comercial da Codesp, Carlos Kopittke. Ele observa que o açúcar ensacado, antes transportado em navios convencionais, apresentou queda de 48%, ao passo que o açúcar embarcado em contêiner cresceu 41%. A commodity é, ao lado do complexo soja, a principal carga em volume escoada pelo cais santista. Responderam juntas por quase 52% das 25,80 milhões de toneladas exportadas no acumulado do ano até maio.
 
"A cada dia que passa os portos são mais automatizados e exigem menos mão de obra. No caso do açúcar, embarcar em contêiner foi uma alternativa de reduzir custo para compensar a queda do preço da commodity", analisa Castro.
 
O porto paulista bateu recorde de movimentação para os cinco primeiros meses do ano. No total, foram escoadas 38,6 milhões de toneladas no período, alta de 5,7% sobre o mesmo intervalo de 2011. Em valores, Santos escoou US$ 47,4 bilhões, o equivalente a 25% da balança comercial brasileira no período.
 
O destaque foi o aumento da participação das exportações, que representaram 66,8% do volume total de cargas, avanço de quase quatro pontos percentuais em relação a igual período de 2011. Os embarques cresceram 11,3%, para 25,80 milhões de toneladas. Já as importações caíram 4%, encerrando o acumulado até maio em 12,8 milhões de toneladas. A queda foi provocada principalmente pela redução nas descargas das mercadorias de maior participação no fluxo, como carvão, adubo e trigo.
 
 
Os embarques do complexo soja foram responsáveis pela escalada das exportações. O salto foi de 39% até maio, com quase 9,7 milhões de toneladas. Castro, da AEB, avalia que o salto nas exportações foi resultado da atração para Santos de parte da soja originalmente programada para sair por Paranaguá (PR). E não crê em comportamento parecido no segundo semestre. Na primeira metade do ano os embarcadores anteciparam as exportações para aproveitar os altos preços da commodity no mercado internacional. "Como Paranaguá está congestionado, ficou muitos dias sem embarcar por conta da chuva, transferiu-se a carga para Santos. A tendência agora é diminuir", diz Castro. Até maio, destaca, as exportações brasileiras em volume cresceram apenas 1%, para 206,7 milhões de toneladas.