Cidade com vocação para polo logístico

Em sua exposição, o pesquisador Patrick Maury, doutor em ciências econômicas e sociais para a América Latina pela Universidade de Paris, defendeu a transformação do Distrito Federal em um grande polo logístico. Para isso, será necessário estender as ligações ferroviárias para a malha Norte-Sul e ampliar a capacidade de carga das rodovias já existentes. "Brasília é a capital do cerrado brasileiro, a maior fronteira agrícola do país, e tem uma área de influência bastante ampla", afirmou.
 
Segundo o pesquisador, a órbita econômica do DF ultrapassa os limites dos 22 municípios goianos e mineiros da Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (Ride-DF), afetando diretamente os estados de Tocantins e Bahia. Para o especialista, o presidente Juscelino Kubitschek pretendia estabelecer um grande polo de desenvolvimento econômico a partir da construção da capital federal. "A cidade cumpriu esse objetivo", disse Maury. "Temos que pensar em outra escala, numa escala de influência que Brasília tem, de fato, no Brasil. É aí que está o futuro do crescimento da cidade."
 
O espaço geográfico e estratégico do Distrito Federal, dessa forma, propicia um maior investimento em logística não somente em âmbito regional e nacional, mas internacional. Em contrapartida, apresenta algumas desvantagens. A maior delas seria o alto custo da terra.
 
O francês defendeu ainda que, para desenvolver as vocações do DF, é necessário que as empresas e os governos da região se mobilizem para ver em que setores é importante atuar, achar as verdadeiras vocações da região em vez de visar apenas lucros pontuais. Ele alertou para a concorrência exercida por Goiás. "Anápolis conseguiu a licença necessária para a construção de um aeroporto internacional de cargas e não há espaço para duas instalações similares em uma distância tão pequena", afirmou. Caso isso ocorra, a saída será enfatizar a formação de um polo agroindustrial.
 
Adensamento
O mercado da construção civil impulsionou o crescimento do Distrito Federal nos últimos anos. Segundo a arquiteta Karla Figueiredo, diretora de Responsabilidade Social da Associação de Dirigentes das Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi), o setor cresceu 14,1%, sendo decisivo para o aumento do PIB de 4,5% verificado em 2010. Os dados são da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan).
 
Ela defendeu a criação de mais áreas de ocupação, além do adensamento e da verticalização das regiões com infraestrutura. "Quando vemos engarrafamentos nas vias do Plano Piloto pensamos que é necessário retirar as pessoas das ruas. Isso é um engano, precisamos é remover os carros", ressaltou.
 
De acordo com Karla, a distância entre as cidades do DF dificulta a implantação de um sistema de transporte de massa viável. "É preciso criar serviços e núcleos habitacionais ao longo das vias. É um engano achar que espraiamento é sinônimo de qualidade de vida. Nova York é adensada e é a cidade mais verde dos Estados Unidos."