Caminhões rodam com peso maior que permitido em estradas brasileiras

Por lei, há limite para cada tipo de veículo, mas ele não é respeitado. Dnit afirma que todas as 71 balanças em estradas estão funcionando.


A maior parte do transporte de cargas no Brasil passa pelas estradas, mas até os motoristas admitem que os caminhões andam com muito mais peso do que o permitido. E fiscalização não tem.

É fácil ver caminhões abarrotados de mercadorias. Algumas têm que ser arrumadas durante a viagem. Por lei, há limite de peso para cada tipo de veículo, e a única maneira de saber se o motorista cumpre a lei é pesando o caminhão.

Existem no país 71 balanças em postos de pesagem espalhados pelas estradas federais, mas nem todas funcionando. “O Dnit, por exemplo, tem não sei quantas balanças instaladas Brasil afora e percentual nem de 10% está funcionando”, afirma Nélio Botelho, presidente do Sindicato dos Caminhoneiros.

O Sindicato dos Caminhoneiros admite que pelo menos 40% dos veículos transportam mais carga do que deveriam. “Fica aquele fila de caminhão aguardando carregamento e quando chega a vez do caminhoneiro ele é chamado e dizem: ‘Você vai levar x toneladas’. ‘Mas não dá, meu caminhão não é para isso’. ‘Tem q levar senão você perde a carga. Seu colega está ai atrás esperando para carregar’”, explica Botelho.

Os caminhoneiros reconhecem o problema. “Às vezes o cara precisa da carga, por necessidade, e arrisca passar na balança acima do peso. Tem uns que até furam a balança, passam batido, não entrar na balança”, afirma o caminhoneiro Sílvio Chaves.

No Rio de Janeiro, um agravante: não há balanças de pesagem em nenhuma rodovia estadual. Em nota, o Departamento de Estradas de Rodagem informou que ‘o alto custo inviabilizava a implantação das balanças, mas que no prazo de 60 dias será definido um novo projeto de fiscalização com equipamentos automatizados’.

Segundo a Polícia Rodoviária Federal, os postos de pesagem são importantes, mas não inibem totalmente as irregularidades porque os motoristas que transportam cargas acima do limite permitido costumam buscar rotas alternativas. Nesses casos, a melhor estratégia é a fiscalização móvel, com balanças portáteis.

Para a maioria dos caminhoneiros, não é preciso lembrar do que está em jogo quando a carga é pesada demais. “Perigosíssimo. Fazer o que não está na lei é complicado”, afirma o caminhoneiro José Ronaldo Militão.

O Dnit diz que as 71 balanças sob responsabilidade do órgão estão em operação.