Aumento dos combustíveis preocupa transportadores aquaviários e rodoviários

Transportadores aquaviários e rodoviários estão preocupados com o possível aumento no custo dos principais insumos ligados às atividades do setor. Entre eles, o que mais chama atenção é o preço do diesel e do bunker (combustível utilizado no motor dos navios): 87,5% dos empresários acreditam que o valor destes dois itens irá aumentar em 2013, enquanto apenas 0,8% apostam em redução.

Os dados são da Sondagem Expectativas Econômicas do Transportador 2013 – Rodoviário e Aquaviário, estudo elaborado e divulgado pela Confederação Nacional do Transporte nessa quinta-feira (28). O levantamento mostra que em março de 2012, data da primeira pesquisa, o percentual de entrevistados que apostavam neste aumento de combustíveis era de 60,2%.

A pesquisa avaliou as expectativas de mais de 500 transportadores rodoviários (carga e passageiros) e aquaviários (navegação interior e transporte marítimo). Para o presidente da CNT, senador Clésio Andrade, o trabalho é importante porque avalia as perspectivas sobre diversos temas econômicos e contribui com o desenvolvimento do setor de transporte no país.

Em relação a outros insumos, a expectativa dos transportadores rodoviários quanto ao aumento do preço dos pneus cresceu de 73,4%, no primeiro semestre de 2012, para 89,6% este ano. As expectativas também são de aumento para o óleo lubrificante: 88,5% dos entrevistados dizem que o preço deve aumentar. No ano passado, o percentual era de 68,5%.

Além do setor rodoviário, é a primeira vez que a sondagem da CNT avalia as expectativas dos transportadores aquaviários. Segundo as respostas dos empresários deste ramo, 54,9% esperam aumento nas taxas portuárias e 45,1% nas taxas de praticagem. Apenas 2% e 9,8%, respectivamente, respondem que os valores destes dois serviços devem diminuir em 2013.

De acordo com avaliações da CNT, a alta está relacionada às perspectivas de elevação da inflação em 2013, além das previsões de novos reajustes nos preços dos combustíveis para alinhamento com os valores internacionais. A entidade alerta que, se o quadro pessimista se concretizar, os investimentos futuros planejados pelos empresários podem ser comprometidos.

A maioria dos entrevistados acredita que os índices de inflação serão maiores em 2013, o equivalente a 64,6% dos rodoviários e 43,1% dos aquaviários.  Uma parcela menor dos transportadores consultados espera que os índices sejam mantidos: 29,1% e 39,2%, respectivamente. Em 2012, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação fechou em 5,84%.

Segundo a CNT, embora medidas como a redução da tarifa de energia contribuam para reduzir a pressão sobre a inflação, a elevação dos combustíveis deve pesar nos índices de 2013. Sob o ponto de vista do setor de transporte, o aumento dos combustíveis, principalmente do diesel, afeta os custos operacionais das empresas.

Outro fator preocupante, aponta a sondagem, é a carga tributária – 83,5% dos transportadores indicam que ela tem impacto elevado no desempenhos das atividades. No transporte rodoviário, 45,9% acreditam que os tributos aumentarão, enquanto apenas 16,8% respondem que eles devem diminuir. No setor aquaviário, 35,3% esperam elevação nos índices e 21,6%, redução.

Programa de Investimento em Logística
Lançado em 2012 pelo governo para melhorar a infraestrutura de transporte, o Programa de Investimento em Logística não é conhecido por 71,3% dos entrevistados. Dos 28,7% que sabem da iniciativa, 60,1% afirmam que ela não vai solucionar os entraves logísticos do país. A Empresa de Planejamento e Logística (EPL) também é desconhecida por 84,5% dos entrevistados.

De acordo com a CNT, o resultado é alarmante porque se percebe que a divulgação aos transportadores não foi adequada, além da credibilidade quanto à execução das medidas ser reduzida. “Existe um desconhecimento por parte dos empresários quanto ao programa e a empresa responsável por ele. O governo precisa mudar esse cenário”, destaca Clésio Andrade.

Otimismo
Apesar da preocupação com o preço dos insumos e a elevação da carga tributária, os transportadores estão otimistas quanto ao volume de investimentos total no país. A maior parte – 48,3% – acredita em elevação, enquanto 41% espera manutenção e apenas 7,8% aposta em redução.

Segundo a CNT, este quadro pode estar ligado ao anúncio de investimentos do governo e às recentes medidas de atração de capital estrangeiro, como a redução do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

Sobre elevação da frota, as expectativas também são positivas: 51,3% dos transportadores rodoviários pretendem comprar novos veículos de carga e 58,7% dos aquaviários planejam adquirir embarcações. A perspectiva de aumento, avalia a CNT, vai ao encontro das previsões de aumento de receita bruta – 62,7% – e crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) – 42,9% – verificado pela maioria dos entrevistados.