Artigo: A construção de um legado

Um povo culto é um povo desenvolvido. Bem informado, com acesso à educação de qualidade, uma sociedade se fortalece e torna-se apta a exercer sua cidadania. Vencer as limitações no campo da educação vai exigir, de nós brasileiros, muito empenho; seja do setor público ou do setor privado. Assim como nas demais áreas, a luta é árdua. Temos muito a construir, melhorar, equipar, transformar. Na saúde, educação, infraestrutura, na esfera sociocultural. `

 

A omissão poderá nos cobrar um preço alto. Acredito nisso e me empenho, diariamente, para não cair nas armadilhas da desesperança, do conformismo, da tentação de deixar, como diz o refrão da música, a vida me levar. Quem tem um sonho norteando sua vida e definiu para si a missão de construir um legado não pode deixar-se abater. Contagiada desde muito jovem pelo meu marido pela paixão ao mundo do transporte, assumi para mim o compromisso de construir o Museu Brasileiro do Transporte, quando ele não mais o poderia fazê-lo. O sonho torna-se cada vez mais real. É assim quando vontade e atitude caminham juntas.

 

Aprovado pelo Ministério da Cultura para captação nos moldes da Lei Rouanet no ano passado, a luta agora é sensibilizar o empresariado a apoiar este grande projeto. É chegado o momento de encontrar quem, como eu, reconhece no transporte um valor incalculável à economia do país. Reconheço e respeito que o patrocinar envolve empatia. Abraçará nosso projeto quem identificar nele uma sincronicidade com o DNA de sua marca, seja por estar em um mesmo nicho de interesse ou por alinhamento com o compromisso de que juntos podemos construir um país melhor.

 

Os números não são tímidos. Só a Petrobrás divulgou, no final do ano passado, que destinará R$ 20 milhões a 12 projetos na área de museologia. Muitas outras empresas já têm tradução de investir em iniciativas culturais, como Eletrobrás, Correios, Banco do Brasil e muitas outras. Todas as frentes e manifestações culturais são legítimas e todas têm sua contribuição efetiva à sociedade.

 

A nossa consiste em deixar um legado muito particular. A construção de um museu único no mundo em sua concepção e proposta. Um espaço que reunirá todos os modais – rodoviário, aéreo, ferroviáreo e aquaviário -, em uma linguagem moderna e interativa. Vamos contar uma história através de uma ferramenta cultural. Construindo um museu. Um espaço que se comunique com o mundo, disseminando conhecimento, divulgando a importância vital do transporte em nossas vidas, motivando o debate e inspirando a reflexão.

 

Essa é minha missão. Construir um legado que não seja estático nem um instrumento de vaidade. Mas um ambiente voltado à educação e à interatividade de forma a contribuir para uma sociedade mais esclarecida sobre sua história e suas potencialidades.

 

 Elza Lúcia Panzan é presidente da FuMtran (Fundação Memória do Transporte) e gestora do Museu Brasileiro do Transporte.