Apesar da agenda de concessões, projeção para 2015 é modesta

Mesmo com a retomada da agenda de concessões na área de infraestrutura, não há grandes expectativas em relação ao desempenho dos investimentos produtivos em 2015. Analistas consultados pelo Valor projetam alta entre 1% e 3% da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) para o próximo ano, insuficiente para recuperar o tombo esperado para 2014. Para este ano, algumas projeções chegam a contar com retração de quase 8% da FBCF.
 
Para o economista-chefe da LCA Consultores, Bráulio Borges, a formação bruta deve avançar entre 1% e 2% no ano que vem, depois de ter diminuído de 5,5% a 6% em 2014. A burocracia para licitar e tirar do papel as concessões deve concentrar o impacto macroeconômico desses projetos apenas no segundo semestre, diz Borges. Além disso, para recuperar o superávit primário, o governo deve segurar investimentos públicos, enquanto a ociosidade elevada da capacidade produtiva da economia também joga contra um aumento mais expressivo da FBCF.
 
Leandro Padulla, da MCM, afirma que o quadro de incertezas elevado ainda tende a moderar a demanda dos empresários por investimentos no próximo ano, que, em seus cálculos, vão aumentar 1,8% no período.
 
Para chegar a esse resultado, a formação de capital físico deve crescer a uma média de 0,2% por trimestre em 2015, comportamento considerado fraco pelo economista, tendo em vista que, no ano anterior, é previsto recuo de 5%. "Se considerarmos que o investimento geralmente cresce a taxas acima do PIB, o crescimento esperado para 2015 é ruim", diz Padulla.
 
Além da demora na licitação e início das obras das concessões do governo e do ambiente de baixo crescimento, Rodrigo Baggi, da Tendências, vê outros dois fatores que devem limitar a retomada dos investimentos no ano que vem. Em primeiro lugar, Baggi observa que o cenário mais adverso para o agronegócio -queda de preços das commodities e excesso de oferta de grãos – tende a reduzir o apetite do setor por compras de maquinário e caminhões.
 
Outro indicativo de fraca reação da formação de capital físico, em sua avaliação, é a mudança nas regras do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), do BNDES, cujos juros devem aumentar na virada de 2014 para 2015.
 
"As condições devem ficar menos atrativas, com alguma correção dos juros e ajuste dos desembolsos por conta do quadro fiscal ruim", afirmou. Mesmo assim, Baggi acredita que as condições de financiamento ainda devem continuar relativamente favoráveis, o que pode ajudar a FBCF a crescer 3,2% no próximo ano. Para 2014, a expectativa é de queda de 7,8%.