Anfir prevê ano difícil e diz que setor vai focar mais em exportações

O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários (Anfir), Alcides Braga, traçou um cenário desafiador para o setor em 2015, em encontro com a imprensa nesta segunda-feira, 9. Braga afirmou que as demissões na indústria de implementos rodoviários já atingiram 20% do quadro de pessoal do segmento e anunciou que, dado o cenário macroeconômico mais difícil, o setor pretende focar mais em exportações este ano. A Anfir prevê queda de 10% na produção e venda de implementos rodoviários em 2015.
"É fato que tivemos sim um ciclo de demissões no setor. Estimamos que em torno de 20% do nosso quadro tenha sido demitido, após medidas paliativas que não tiveram efeito", afirmou. Segundo ele, o setor tinha, em 2014, cerca de 70 mil funcionários diretos e indiretos, sendo que uma média de 15 mil foram demitidos entre a virada do ano e fevereiro.

De acordo com Braga, as empresas do setor estão com carteiras zeradas e o cenário causou defasagem de preços. "Estamos com carteira quase zero. As entregas são quase imediatas. Nesse ambiente, é lógico que há uma erosão de preço. Estamos vendendo hoje a preços de três, quatro anos atrás", afirmou.

A indústria fabricante de implementos rodoviários registrou uma queda de 41% na produção e nas vendas no primeiro bimestre de 2015, na comparação com o mesmo período de 2014. De acordo com Braga, a expectativa para março ainda é de queda significativa, mas a entidade espera que, em abril, o governo federal inicie uma retomada de investimentos, enquanto deve haver mais clareza sobre as denúncias de corrupção envolvendo a Petrobrás.

O executivo afirmou ainda que o segmento enxerga na exportação sua melhor alternativa para compensar o ambiente macroeconômico difícil em 2015, apesar de o setor não ter tradição exportadora. "Essa é uma das possibilidades mais importante para focarmos, com o dólar no valor em que está. Nosso setor não é exportador, exportamos pontualmente, mas estamos vendo empresas do setor que têm viés de exportação indo buscar mercado e isso faz sentido", avaliou. "Eu creio que este ano teremos capacidade de focar um pouco mais no mercado externo."

Braga explicou que as exportações do setor são atualmente focadas na América Latina e na África, mas afirmou que vem tendo atuação mais forte também no Oriente Médio.

BNDES

O crédito mais escasso tem sido uma das principais reclamações do segmento de implementos rodoviários e, segundo Braga, a principal expectativa agora é para conhecer a nova diretoria do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

"Temos hoje dificuldades com o dinheiro público e fabricantes que trabalham com o Finame reportando que está sendo bem difícil a aprovação dos processos", afirmou o executivo, referindo-se à linha de crédito do BNDES para o setor, que sofreu alterações no fim do ano passado.

Anteriormente, era possível financiar totalmente um bem, mas a parcela financiável baixou de 100% para 70% (pequenas e médias empresas) e 50% (grandes empresas). Segundo a Anfir, o Finame representa 85% das vendas do setor.

"Precisamos que o BNDES passe a ficar acessível de novo e que os processos fluam normalmente", frisou.