Alto valor ainda atrapalhar renovação da frota de caminhões no Brasil

Vice presidente do SETCESP comenta entrave

Há algum tempo a sustentabilidade é discutida dentro do transporte rodoviário de cargas. Programas como o de Controle de Poluição de Ar (Proconve 8) e a chegada de caminhões Euro 6 foram impulsionados para ajudar nisso, entretanto, na prática, uma parte dos transportadores ainda não conseguiu adentrar à esse mundo.

O principal obstáculo, como normalmente acontece, é o dinheiro. Veículos com tecnologia Euro 6 e P8 são, em média, 30% mais caro do que os anteriores. Segundo Raquel Serini (coordenadora de projetos e economista do IPTC), a participação média do veículo no custo do transporte pode chegar até 16%. Um efeito dominó que acaba impactando em todos os processos do setor.

Marcelo Rodrigues, vice-presidente do SETCESP, opinou que esse alto valor prejudica a popularização dos caminhões Euro 6 e P 8.

“A alta diferença entre os valores de um veículo antigo para um novo. De acordo com os números do RNTRC, a frota mais antiga é a do caminhoneiro autônomo e ele não tem condições de comprar um veículo novo por conta do alto preço dele. Para este motorista, ter um caminhão novo significa ter mais custos, pois o valor do frete não vai alterar de acordo com o modelo de veículo que ele possuir. No último programa que tivemos, o governo retirava o veículo mais antigo do mercado, mas o problema era que a diferença de valores entre o antigo e o novo era muito alta e isso impedia que o caminhoneiro fizesse o financiamento com o mesmo valor de frete.”

“O IDEAL É UMA PROPOSTA QUE EQUALIZE A DIFERENÇA DE PREÇO ENTRE OS VEÍCULOS”

O aumento médio de caminhões nos últimos 12 meses (junho/23 a maio/24) – Carreta: 27,97% | Truck: 25,37% | 3/4: 10,31%. (Scania linha Super Euro 6)

Ainda não existe uma resposta clara de como sanar essa equação, mas Marcelo finaliza sugerindo alguns gatilhos que podem ser incluídos em contratos para ajudar.

É evidente que a cada aumento não dá para reajustar o frete ou alterar a tabela de frete todo mês, mas é indicado que seja adotado um gatilho, que pode ser incluído como cláusula adicional ao contrato, como solução para os reajustes dos insumos essenciais, como: diesel, mão de obra e veículos. Essa alternativa garante ao prestador de serviço de transporte um equilíbrio nas suas contas e uma maior segurança na hora de fazer os investimentos necessários na renovação da frota, por exemplo.”

Fonte: Frota&Cia / Foto: Divulgação