Governo decide mudar as regras dos próximos leilões de rodovias

Depois de não conseguir despertar o interesse de investidores, o governo decidiu mudar as regras dos próximos leilões de rodovias. Será oferecido um trecho de cada vez e não dois a cada rodada, como estava previsto. A intenção é acompanhar de perto cada processo de concessão e se antecipar aos problemas.
 
Uma luz amarela acendeu quando não apareceu nenhum interessado para o leilão da BR-262. Para Clésio Andrade, presidente da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), o problema está no modelo de negócio montado pelo governo.
 
Ficou acertado que a obra de duplicação de 369 quilômetros da estrada entre o Espírito Santo e Minas Gerais será dividida com a iniciativa privada quase pela metade. A concessionária faz 188 quilômetros e o DNIT fica com 180.
 
“Um dos problemas é que os empresários não acreditam que o governo vai fazer, vai construir a parte dele. No momento em que ele vai fazer uma parte e o governo outra, mas ele vai depender do pedágio para poder pagar os financiamentos, investimentos. Ele não acredita que o governo vai fazer. Automaticamente, se torna inviável aquele projeto”, diz Andrade.
 
Para tentar evitar a fuga de investidores, o ministro dos Transportes, César Borges, disse nesta segunda-feira (16) que o governo vai mudar o cronograma de leilões de rodovia. Agora, será oferecido um trecho de cada vez e não dois a cada rodada, como estava previsto. A intenção é acompanhar de perto cada processo de concessão e se antecipar aos problemas.
 
O primeiro leilão, marcado para a quarta-feira (18), será de um trecho de 436 quilômetros da BR-050, entre Goiás e Minas Gerais. Oito consórcios apresentaram propostas para a estrada que teve boa parte duplicada pelo governo.
 
O programa de concessão de rodovias pretende entregar à iniciativa privada nove trechos em diferentes regiões do país. Vence quem oferecer a menor tarifa de pedágio. A concessão vai durar 30 anos. De acordo com a última pesquisa da CNT, dos nove trechos de rodovias, quatro estão em bom estado de conservação. Os outros cinco trechos foram considerados regulares.
 
Depois de entregues à iniciativa privada, todos os trechos terão que ser duplicados e restaurados em cinco anos. A cobrança do pedágio só poderá começar quando pelo menos 10% do trecho estiver duplicado.
 
“O transportador brasileiro, acho que o usuário de automóvel, chegou à conclusão que é melhor você ter uma rodovia bem cuidada, duplicada, com segurança cobrando pedágio do que as rodovias do jeito que é em todo Brasil, em péssimas condições, com muitso acidentes, muitos riscos e as pessoas, às vezes, até desanimam de viajar”, diz Andrade.
 
O ministro dos Transportes, César Borges, disse que irá remover todas as dificuldades que forem encontradas no processo de concessão.