Integração dos modais de transporte é fundamental para a eficiência energética

Debate promovido no 1º Seminário Internacional sobre Eficiência Energética de Veículos Pesados, promovido pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) e pelo programa ambiental Despoluir, apontou alternativas que colaboram para a economia de recursos econômicos e naturais que beneficiam tanto o próprio setor de transporte quanto o meio ambiente. Entre as opções, a integração dos diversos modais de transporte é imprescindível para a questão.

O diretor do Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema), André Ferreira, explica que a importância de se trabalhar a eficiência energética no setor é que ele é responsável por 50% do consumo de combustível fóssil. Em segundo lugar, está a indústria, com 31%. E, dentro do transporte, há a predominância do modal rodoviário, considerado o mais poluente, com 45% do consumo de combustível. Por isso, a necessidade de utilizar outros setores e integrá-los.

Segundo o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, a Associação defende a plena integração dos vários modais de transporte. “É a melhor forma possível de alcançarmos o maior grau de competitividade”, revela. Para ele, não faz sentido, por exemplo, transportar cargas de Sul a Norte por meio rodoviário em um país com dimensões continentais como o Brasil quando se tem alternativas. Para isso, ele sugere a cabotagem como meio mais indicado para longos percursos. “Isso é extremamente importante para um setor que busca eficiência energética e melhores condições de competitividade”, conclui.

Já o diretor do Iema sugere a utilização do modal ferroviário para redução dos gastos no caso de longas distâncias. Segundo ele, o modal consome apenas 1% do combustível gasto em transporte no país. “Existe um grande potencial de avanço no setor ferroviário. É preciso atenção nos modais porque há ganhos de eficiência energética com isso para o país”, alerta. Além disso, esse setor dá conta de mais carga do que o rodoviário.
 
Outra opção é renovar a frota do país, cuja média hoje é de 18 anos, segundo Luiz Moan. “Falar em eficiência energética com uma idade média dessa é uma temeridade”, afirmou. O presidente da Anfavea sugere a criação de centros de reciclagem ambientalmente adequados para a recepção de caminhões velhos. Isso porque eles são altamente poluentes, consomem muito combustível e têm motores defasados. A tecnologia de caminhões mais modernos evita esses gastos, além de não necessitar de muita manutenção e ter menos chances de causar acidentes. Luiz Moan ressalta também as condições de pavimentação – estradas ruins contribuem para maior consumo de combustível – e o tipo de pneus – por exemplo, a pressão inadequada pode aumentar o consumo em quase 25%.

Para o diretor do Iema, a implantação de corredores exclusivos para ônibus nas cidades também é importante porque evita aumento do consumo de combustível e da emissão de poluentes devido aos engarrafamentos. Ele chama a atenção também para a forma como se dirige os veículos e para as novas tecnologias de motor, pneus, entre outros itens.

Outro dado que ratifica a importância de trabalhar a eficiência energética no setor de transporte brasileiro é que, segundo o presidente da Seção de Transporte de Cargas da CNT, presidente da Federação das Empresas de Transporte de Carga do Estado de São Paulo (Fetcesp) e presidente da NTC&Logística, Flávio Benatti, o combustível representa 30% do custo operacional das empresas de transporte. O transporte rodoviário brasileiro hoje é integrado por 125 mil empresas, 824 mil caminhoneiros autônomos e 323 cooperativas que geram 776 mil empregos diretos. A frota é composta de 1,4 milhão de caminhões e ônibus que, por sua vez, consomem cerca de 36 milhões de metros cúbicos de óleo diesel. O setor tem uma participação de quase R$ 200 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB). “Ser eficiente no uso dos combustíveis exige melhorias técnicas e administrativas que, por fim, garantem maior competitividade às empresas. Todos ganham”, afirmou Benatti na abertura do Seminário.