Fundo do FGTS tem R$ 9 bilhões para infraestrutura

O fundo de investimentos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS) tem uma margem de R$ 9 bilhões para aplicar em projetos de infraestrutura neste ano. Os projetos em análise pela Caixa Econômica Federal, responsável pela administração do fundo, já somam R$ 10 bilhões. Mas esse número deve subir com as oportunidades de negócios esperadas com a realização das concessões de rodovias e ferrovias pelo governo federal a partir do próximo semestre.
 
O vice-presidente de Gestão de Ativos de Terceiros, Marcos Vasconcelos, disse ao Valor que de R$ 5 bilhões a R$ 6 bilhões poderão ser destinados para investimentos em rodovias e ferrovias. Mas não há reserva de recursos. Cada projeto será analisado caso a caso e tudo dependerá da taxa de retorno. "Os leilões devem gerar uma demanda do FI-FGTS", destacou o executivo. "Estamos vendo boas oportunidades de investimento." O FI-FGTS não vai participar diretamente dos leilões. Porém, poderá ser acionista, por exemplo, da Sociedade de Propósito Específico (SPE) que vencer a concessão dos trechos. A previsão é de que as primeiras licitações de rodovias e ferrovias sejam realizadas no próximo semestre. Esse programa deverá contar com R$ 133 bilhões em investimentos privados em 25 anos.
 
Criado em 2008 para ajudar o governo a aumentar os investimentos em rodovias, ferrovias, energia elétrica e saneamento básico, o FI-FGTS visa também melhorar a rentabilidade dos recursos dos trabalhadores, que conforme a legislação brasileira é de 3% ao ano mais TR. A Caixa tem como meta perseguir um rendimento de 6% mais TR ao FGTS.
 
Segundo balanço preliminar do fundo obtido pelo Valor, a rentabilidade nominal das operações feitas pelo FI-FGTS foi de 1,69% no trimestre. No mesmo período de 2012, esse retorno foi de 1,29%. Vasconcelos explicou que já era esperada uma melhora gradual da rentabilidade. Nos últimos balanços, alguns investimentos em renda variável estavam gerando perda contábil por causa de atrasos no início da operação. Parte desse movimento, conforme Vasconcelos, já está sendo revertido. "O retorno de [private] equity é mais demorado", ressaltou o vice-presidente.
 
Para alavancar a rentabilidade, a Caixa aumentou as aplicações do FI-FGTS em debêntures. Nesses casos, o retorno é mais rápido, pois não se trata de compra de participação de empresas que, em alguns casos, ainda não operam no mercado. Em 2012, foram feitas nove operações com debêntures e nenhuma de compra de participação. Em dezembro de 2011, esses investimentos somavam R$ 9,724 bilhões ou o equivalente a 45,14% da carteira total (R$ 21,541 bilhões). No fim do ano passado, esse valor passou a representar R$ 12,670 bilhões ou 48,91% dos investimentos e no primeiro trimestre de 2013 atingiu a 55,02% do total da carteira, somando R$ 14,494 bilhões. Mas o grosso desses investimentos continuam sendo em debêntures do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Em março, o patrimônio líquido do FI-FGTS era de R$ 26,342 bilhões. Em dezembro de 2012, esse valor correspondia a R$ 25,904 bilhões.
 
Em meio às discussões sobre a necessidade de investimentos para estimular o crescimento econômico, o presidente do comitê de investimentos do FI-FGTS, Jaci Afonso, disse que será analisada no início de junho pelo grupo a possibilidade de se exigir contrapartidas sociais para seleção dos projetos que serão financiados com recursos do trabalhador.
 
Segundo ele, é preciso vincular a liberação dos recursos à criação de novos postos formais de trabalho, por exemplo. Esse critério já seria considerado para liberação e recursos para as concessões de ferrovias e rodovias. Afonso destacou que o FI-FGTS não tem "preconceito" com investimentos, fundamentais para viabilizar o crescimento da economia e geração de empregos.