Com 400 mil veículos, agosto bate recorde de vendas

Antes mesmo de agosto terminar, a indústria automobilística já registrou seu melhor mês em vendas em 55 anos de história. Até quinta-feira, foram licenciados 395,6 mil veículos. Ainda serão incluídos os licenciamentos de ontem, o que elevará o resultado para mais de 400 mil unidades. O recorde anterior tinha sido obtido em dezembro de 2010, com 381,5 mil unidades, incluindo caminhões e ônibus.
 
Somente em automóveis e comerciais leves, segmento beneficiado pela redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), foram licenciados 381,8 mil unidades até o dia 30.
 
A corrida à lojas foi provocada pelo receio dos consumidores de que o IPI terminasse ontem, conforme vinha afirmando o governo. O benefício, que reduz os preços dos automóveis entre 5% e 10%, foi prorrogado até outubro.
 
O anúncio da prorrogação ocorreu na tarde de quarta-feira e já começou a esfriar as vendas. A concessionária Volkswagen Amazon, na zona leste de São Paulo, estava vendendo em média 12 carros por dia, número que baixou para nove na quinta-feira. "Setembro deve ser mais fraco que agosto, mas nossa expectativa é que fique perto de julho, que também foi muito bom de vendas", diz o gerente Marcos Leite.
 
Até quinta-feira, as vendas de agosto superavam as de julho em 8,6% e a de igual mês do ano passado em quase 30%. No acumulado do ano, os licenciamentos somam 2,476 milhões de unidades, alta de 5,4% em relação ao mesmo período de 2011.
 
Só os negócios com automóveis e comerciais leves cresceram quase 10%. De janeiro a maio, antes de o governo anunciar a redução do IPI, a indústria acumulava queda de 4,8% nas vendas.
 
Para o ano, as montadoras trabalham com projeções de crescimento de 4% a 5% em relação aos 3,63 milhões de veículos vendidos em 2011, o que também marcará um novo recorde anual do setor.
 
Primeiro zero. O corte do IPI foi um incentivo à faxineira Helena Maria da Silva e ao ajudante de supermercado José Júlio da Silva para a compra do primeiro carro zero do casal. "Quando houve o anúncio do corte, falamos: agora a gente compra", conta Helena. Antes, eles tinham adquirido um carro usado que, segundo ela, apresentou problemas como vazamento de óleo.
 
Chegar ao carro novo foi possível porque os dois conseguiram estabilidade no emprego. Helena trabalha em uma empresa na área de limpeza e faz serviços extras de faxina. José tem carteira assinada há cerca de um ano. Eles deram entrada de R$ 13 mil em um Voyage e vão pagar 48 prestações de R$ 760, num total de R$ 49.480.
 
O carro será usado principalmente nos finais de semana e está no nome de Helena, que ainda não tem habilitação. "Falta coragem por enquanto, mas tenho vontade de aprender a dirigir mais para a frente."
 
Data: 01/09/2012