Medida é mais uma barreira para indústria, diz Ciesp

Numa época em que trabalhadores, empresários e sindicatos reivindicam ações em defesa da indústria, que tem perdido força devido ao aumento da importação, elevada carga tributária e valorização do real, a restrição da circulação de caminhões em vias do ABC só tende a afugentar investimentos na região. Esta é a visão de representantes das indústrias na região, como o Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo).
Para Emanuel José de Viveiros Teixeira, titular do Ciesp Santo André, que abrange Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, a cadeia automobilística e as empresas de logísticas serão as mais afetadas caso a restrição seja colocada em prática da maneira que está. “Não há docas nem espaço suficiente para as montadoras estocarem peças. Se a linha de produção não for abastecida, o prejuízo será enorme. Desta forma, ao agregar mais custos às montadoras, só diminuímos a possibilidade de futuros investimentos nas plantas aqui da região”, afirma.
 
O mesmo ponto de vista é defendido por Donizete Duarte da Silva, do Ciesp Diadema. Na opinião do diretor, o ABC cresceu e se desenvolveu ao redor das indústrias e, por isso, deveria pensar em preservar estas empresas. “Não somos contrários à restrição, mas da maneira com que isso foi colocado, assusta o empresariado”, acredita.
 
Questionado sobre o impacto da restrição, Silva alerta para a evasão de empresas e o desemprego. “A cada carro que uma montadora produz, há pelo menos 6,5 mil fornecedores envolvidos. A cada funcionário da montadora, há outros 10 ou 12 do lado de fora. É uma cadeira muito grande e qualquer perda será significativa”, acrescenta Silva. “Não é porque a restrição é adotada na Capital que pode ser colocada em prática aqui também. Lá não há indústria automotiva”, argumenta o representante do Ciesp Santo André.
 
Adaptações
 
Presidente do Setrans (Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas do ABC), Sallum Kalil Neto, destaca que apesar da proximidade do início das autuações, 9 de abril, mudanças ainda estão sendo propostas. “A restrição exatamente do jeito que foi proposta inicialmente pelo Consórcio inviabiliza o trabalho. Se todas nossas alterações forem aceitas, como exclusão de algumas vias, poderemos trabalhar, de forma precária, mas ainda conseguiremos manter o setor de pé”, diz. O sindicato possui atualmente 230 empresas associadas.
 
A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores ) informou, por meio de nota, que busca em parceria com as autoridades locais “soluções adequadas que visem minimizar a concentração do trânsito e, ao mesmo tempo, não venham a impactar sobre a atividade industrial, seja no que diz respeito ao recebimento de insumos, seja em relação à saída dos produtos finais”. Por outro lado, a Braskem, produtora de resinas termoplásticas com planta no Polo Petroquímico, entre Santo André e Mauá, informou que suas operações não deverão ser impactadas pela nova regra.
 
26/3/2012