Ampliação de hidrovia Tietê-Paraná vai permitir construção de três hidrelétricas

O aumento da hidrovia Tietê-Paraná em 255 quilômetros (km) nos próximos três anos permitirá a construção de quatro pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) com potência instalada de até 48 megawatts (MW) em novas barragens nos rios Piracicaba, que também faz parte da hidrovia, e Tietê. Esse volume de energia é capaz de abastecer 720 mil pessoas. Com esses projetos, o governo paulista pretende ressuscitar os investimentos no setor, saindo de um nível de R$ 10 milhões ao ano dos últimos cinco anos para R$ 450 milhões anuais nos próximos quatro anos.
 
Até 2015 a expectativa é investir R$ 1,7 bilhão, dos quais R$ 900 milhões da União e R$ 800 milhões do Estado. Para a realização de estudos e projeto, estão sendo investidos R$ 163 milhões. Para 2012, o orçamento do Departamento de Hidrovias é de R$ 236 milhões, e os investimentos mais fortes são esperados para 2014, de R$ 704 milhões.
 
As barragens que terão aproveitamento energético serão construídas nas cidades paulistas de Santa Maria da Serra, Laranjal, Tietê e Porto Feliz. Há mais duas barragens a serem edificadas nos municípios de Anhembi e Conchas, que não terão usinas porque ficarão fechadas apenas no período de estiagem.
 
Segundo o diretor do Departamento Hidroviário do Estado de São Paulo, Casemiro Tércio Carvalho, a licitação das obras é prevista para o ano que vem. "A meta é em 2014 estarmos com obras avançadas", diz Carvalho. Hoje a hidrovia Tietê-Paraná possui 2,4 mil km, dos quais 800 km estão em território paulista. A extensão no rio Piracicaba será de 55 km até o distrito de Ártemis, em Piracicaba, e no Tietê, de 200 km até a cidade de Salto. O investimento para a construção de eclusas e barragens será de R$ 722 milhões até 2015.
 
Outras obras a serem realizadas são a duplicação de eclusas e a construção de quatro terminais. Apenas dois serão construídos nessa primeira fase e devem ser arrendados à iniciativa privada. Para essas obras, o investimento será de R$ 67 milhões.
 
Para a construção de PCHs nas barragens das cidades de Tietê e Porto Feliz, já há uma empresa interessada, a MSul. O governo paulista ainda avalia se há interesse da Empresa Metropolitana de Água e Energia (Emae) em operar as outras duas PCHs ou se fará uma concessão para a iniciativa privada. Cada usina terá potencial de geração de energia de 10 MW a 12 MW. O governo será responsável pelo projeto executivo e licenciamento ambiental das obras.
Com a ampliação da hidrovia e o investimento de R$ 508 milhões na redução de gargalos, como alargamento de passagem embaixo de pontes, ampliação e retificação de canais e melhoria do processo de eclusagem, o governo de São Paulo espera aumentar, até o ano de 2018, em três vezes o volume de cargas transportado hoje, de 6 milhões de toneladas por ano. Apenas a eliminação dos gargalos permitirá um aumento de 7% no volume de carga transportado e uma redução de 20% do custo de transporte, de acordo com o Departamento de Hidrovias paulista.
 
Com a extensão da hidrovia no rio Piracicaba até a cidade de mesmo nome, o custo do frete – considerando o uso casado da hidrovia com rodovia e ferrovia – deve cair de R$ 110 para R$ 90 a tonelada transportada do Estado de Goiás ao porto de Santos, segundo cálculos do Departamento de Hidrovias. No caso da extensão no rio Tietê da cidade de Conchas até Salto, com a construção da barragem em Porto Feliz, o custo do frete do sul de Goiás a Santos, considerando o uso casado da hidrovia com rodovia e ferrovia, deve cair em R$ 8 por tonelada transportada.
 
Outro projeto importante que começará a ser tirado do papel em 2012 é o hidroanel na região metropolitana de São Paulo, que será a interligação dos rios Tietê e Pinheiros às represas Billings e Taiaçupeba, com o objetivo de transportar sedimentos de dragagem, lixo urbano e insumos para construção civil, entre outros.
 
A perspectiva de finalização do anel completo deve ocorrer apenas depois de 2020, mas neste ano será possível licitar a primeira parte, segundo Carvalho. Será a extensão de 14 km da área navegável da hidrovia até o bairro paulistano de São Miguel Paulista com a construção de uma eclusa na barragem da Penha, na zona Leste da capital. O trecho navegável da hidrovia na região metropolitana de São Paulo hoje é de 41 km, entre as barragens Edgard de Souza, em Santana de Parnaíba, e da Penha, na capital.
 
Para o restante do projeto, o governo do Estado contratou o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) para estudar as intervenções necessárias e calcular seus custos e benefícios. A prioridade será investir no trecho da hidrovia entre as barragens de Edgar de Souza, de Traição e à barragem da Penha, e possibilitar o transporte até 2014.

26/3/20212