Ampliação de rodovias

Faixas adicionais de tráfego serão construídas, a partir de 2013, nas principais rodovias do Estado de São Paulo, numa tentativa de aliviar os congestionamentos no acesso à capital e nos trajetos entre as cidades das regiões paulistas de maior desenvolvimento. As obras estão previstas nos contratos de concessão das Rodovias Imigrantes, Anhanguera, Bandeirantes, Ayrton Senna, Castelo Branco e Raposo Tavares e exigirão investimentos de R$ 478,8 milhões.
De acordo com a Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp), as novas faixas vão beneficiar os cerca de 400 mil motoristas que utilizam diariamente essas estradas. Mais uma vez, opta-se por uma reforma isolada de um sistema já esgotado, quando o certo seria formular e implantar um plano diretor de transporte público integrado, com a atenção devida a cada um dos modais que o compõem.
As regiões metropolitanas do Estado – de Campinas, da Baixada Santista e de São Paulo – e grandes aglomerações urbanas, tais como Jundiaí, Piracicaba, São José dos Campos e outras, são polos industriais e agrícolas da maior importância, densamente povoados, que necessitam de um sistema de transporte de passageiros e de carga integrado.
Esse é um problema que não se resolverá com medidas paliativas e isoladas, como a ampliação de faixas em algumas rodovias que servem de ligação entre essas regiões. Pelo contrário. Tais obras acabarão por estimular o uso do transporte individual de grande parte daquelas pessoas que, cansadas dos congestionamentos, optaram pelos ônibus fretados que fazem o trajeto entre a casa e o trabalho. Mais do que isso, as obras agora anunciadas consumirão recursos que, usados no transporte de massa, poderiam atender um número muito maior de pessoas, e por longo tempo.
O adiantado processo de conurbação daquelas três regiões metropolitanas, de São Paulo, Campinas e Baixada Santista, torna urgente o planejamento conjunto capaz de assegurar os deslocamentos diários – em boas condições, de conforto e rapidez – de mais de 1 milhão de pessoas, entre elas trabalhadores e estudantes, entre seus municípios e a região metropolitana de São Paulo. Desse total, mais de 670 mil se deslocam para o centro expandido da capital.
Essa movimentação é cada vez mais intensa. A partir das 5h30, formam-se em estradas como a Raposo Tavares, a Castelo Branco, a Imigrantes e a Bandeirantes congestionamentos de dezenas de quilômetros, que se mantêm até as 10 horas, pelo menos. À tarde, as longas e lentas filas de veículos voltam a tomar as rodovias, entre 16h30 e 22 horas. Esse comboio interminável agrava problemas urbanos, como os de manutenção das vias internas dos municípios para assegurar condições mínimas de fluidez do tráfego.
O desafio de permitir que milhares de pessoas possam cumprir compromissos de trabalho, de estudo ou de consumo e voltar a suas casas exige dos governantes dos municípios que hoje integram as grandes concentrações urbanas a construção de uma ampla malha ferroviária entre as cidades.
Projetos como o Expresso ABC, o Expresso Jundiaí e o Ferroanel deveriam ter sua implantação acelerada ao máximo e servir de modelo para outros tantos planos semelhantes ligando São Paulo às regiões metropolitanas de Campinas e da Baixada Santista. O Expresso ABC é uma linha de trem que reduzirá à metade o tempo de viagem entre a capital e cidades da região. O Expresso Jundiaí ligará o município à capital – um percurso de 45 quilômetros – em 25 minutos.
O Ferroanel também retirará milhares de caminhões das estradas e ruas, porque permitirá que se eleve para 1,5 milhão o número de contêineres que atualmente chegam de trem, por ano, ao Porto de Santos.
A melhoria da malha rodoviária é necessária, mas não pode ser feita de forma isolada dos projetos para a ampliação do transporte sobre trilhos.
30/11/2011