Descarbonização: Transição energética mantém-se aliada ao Transporte Rodoviário de Cargas

Setor une forças para reduzir emissões e impulsionar um futuro mais sustentável
Em decisão conjunta ao Acordo de Paris, que é um tratado internacional sobre mudanças
climáticas, adotado em 2015, o Brasil se comprometeu a reduzir suas emissões de gases
de efeito estufa (GEE) em 50% até 2030 e alcançar a neutralidade de carbono até 2050. O
setor de Transporte Rodoviário de Cargas (TRC) no Brasil, reconhecendo a urgência da
questão climática e seu papel crucial na emissão de GEE, coloca entre suas principais
pautas a transição energética. Responsável por cerca de 20% das emissões totais do país,
de acordo com o Boletim Ambiental do Despoluir, Programa Ambiental do Transporte, da
Confederação Nacional do Transporte (CNT), o setor tem um papel fundamental no
cumprimento dessas metas.

Por meio de um esforço conjunto entre empresas, governo e entidades de pesquisa, o TRC
busca descarbonizar suas operações e contribuir para um futuro mais verde. Com foco em
um setor mais sustentável, o Sindicato das Empresas do Transporte Rodoviário de Cargas
de São Paulo e Região (Setcesp) vem se destacando na temática e possui uma Comissão
de Sustentabilidade que discute assuntos relevantes, realiza eventos e dissemina
informações para o setor.

De acordo com a coordenadora da Comissão de Sustentabilidade do Setcesp, Fernanda
Veneziani, a entidade possui uma série de iniciativas que visam a sustentabilidade. “A
Comissão de Sustentabilidade do Sindicato promove reuniões mensais sobre os mais
diversos temas envolvendo este universo. Além disso, a entidade organiza eventos como o
Encontro ESG e o Prêmio de Sustentabilidade, cujos objetivos são disseminar
conhecimento sobre práticas sustentáveis e novas tecnologias para incentivar as empresas
do setor às rotinas responsáveis”.

Para o vice-coordenador da Comissão de Sustentabilidade do Setcesp, Ricardo Melchiori, o
segmento de Transporte Rodoviário de Cargas vem fazendo sua parte. “Muitas empresas já
adotaram nas suas operações processos e equipamentos na sua frota própria que geram
menos impactos ao meio ambiente. Desde a otimização dos usos dos recursos, até os
programas de renovação de frota, com a adoção de veículos leves, com propulsão a
motores elétricos e os pesados, com uso de gás natural ou biometano e também a troca por
veículos mais novos, mesmo que movidos a diesel, porém com tecnologia mais moderna
que reduz a emissão de GEE”, explica.

Veneziani explica que o futuro do setor de transportes em relação à emissão de poluentes
aponta para uma redução significativa, não existindo apenas uma única solução eficiente,
mas diversas opções de acordo com cada ramo de atividade dentro do setor. Neste sentido,
a transição energética no TRC aparece como a solução para conciliar o desenvolvimento
econômico com a preservação ambiental.

Essa mudança envolve a adoção de tecnologias e combustíveis menos poluentes, como
biocombustíveis, veículos elétricos e veículos híbridos. “A transição energética é crucial
para a redução das emissões de gases de efeito estufa, pois, com a adoção de fontes de
energia mais limpas e renováveis pode-se mitigar as mudanças climáticas e reduzir as
emissões, promovendo o uso mais sustentável de recursos naturais e reduzindo a poluição
do ar, solo e água”, conta Veneziani.

Desafios

Entretanto, a implementação em larga escala da transição energética no TRC enfrenta
desafios como o alto custo inicial de tecnologias e combustíveis alternativos, em que a
viabilidade econômica da transição depende de políticas públicas de incentivo e da redução
dos custos.

Veneziani explica que o Brasil tem feito progressos notáveis rumo à transição energética,
esses esforços são significativos, mas ainda há um longo caminho a percorrer. Além dos
obstáculos encontrados na adoção de biocombustíveis, a infraestrutura de recarga e
abastecimento ainda são insuficientes para que transportadoras e empresas logísticas
façam investimentos maiores em veículos híbridos e elétricos, principalmente em longas
distâncias.

Soluções

Para superar esses desafios e garantir o sucesso da transição energética, medidas
conjuntas são necessárias, como investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação,
incentivos fiscais e subsídios, campanhas de conscientização e treinamento.

Segundo Melchiori, uma das saídas para que a transição energética funcione de forma
plena é ampliar as discussões sobre a otimização das operações de transportes e o plano
de renovação da frota de transporte de carga do Brasil, não somente a das transportadoras
mas principalmente a dos autônomos. “A frota de caminhões em circulação no Brasil possui
3,80 milhões de unidades, com idade média de 21,7 anos. Apesar de um crescimento de
11,76% nos últimos cinco anos, a taxa de renovação vem caindo, o que significa que os
caminhões novos estão substituindo os mais antigos em um ritmo mais lento”, conta.

O vice-coordenador da comissão de sustentabilidade do Setcesp entende que é necessário
diminuir drasticamente os veículos de carga que circulam vazios, pois eles geram emissões,
mas não geram valor. Além disso, a renovação da frota precisa estar na pauta do governo
federal.

Com o compromisso do setor e as ações em curso, espera-se que a transição energética no
TRC acelere nos próximos anos. A expectativa é que aumente-se a participação dos
biocombustíveis na matriz energética com o uso de biocombustíveis de segunda geração e
avanços na produção de biometano que podem ampliar ainda mais a descarbonização do
setor. Outro ponto que o setor valoriza é o aumento da frota de veículos elétricos e híbridos
com expansão da infraestrutura de recarga que deve impulsionar a sua adoção.

Por fim, é fundamental que novas tecnologias surjam e tornem viáveis soluções inovadoras
como veículos movidos a hidrogênio e combustíveis sintéticos que podem contribuir para a
descarbonização do TRC. “O Brasil tem mostrado liderança em várias áreas da transição
energética, mas é necessário continuar avançando e enfrentar os desafios para garantir um
futuro sustentável e energeticamente eficiente”, finaliza Veneziani.

Fonte: Assessoria SETCESP / Foto: Divulgação