Porto terá novo sistema de agendamento e mais um pátio

O Porto de Santos contará com um sistema de agendamento para a chegada de caminhões mais avançado e um novo pátio para veículos de cargas, durante o período de escoamento da próxima safra agrícola, que começará nas próximas semanas. E, neste ano, diferente dos anteriores, os esforços serão coordenados localmente pela Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), a Autoridade Portuária, com o apoio de órgãos federais e estaduais.
 
Essas medidas foram anunciadas pelo ministro dos Portos, Edinho Araújo, na manhã de terça-feira (13), durante a apresentação do Plano de Escoamento da Safra 2014/2015, em Brasília. Também participaram do evento o ministro dos Transportes, Antônio Carlos Rodrigues, e a ministra da Agricultura, Kátia Abreu.
 
O Porto de Santos é estratégico no escoamento da safra agrícola brasileira, recebendo a maior parte do milho, da soja e do açúcar exportados. Essas cargas deixam as zonas produtoras, localizadas principalmente no Centro-Oeste, em Minas Gerais e no Interior de São Paulo, e chegam à Baixada Santista, em sua maioria, de caminhão, o que demanda uma maior programação logística, a fim de evitar a repetição dos mega congestionamentos ocorridos há dois anos.
 
Neste ano, segundo o ministro dos Portos, o Governo pretende ampliar o uso da tecnologia para controlar a chegada de caminhões. O sistema de agendamento, que no ano passado eram anual, agora será automatizado. Todo caminhão que acessar o Porto terá sua placa lida por um sistema de câmeras, que mandará informações do veículo e da carga às autoridades. “Assim teremos informações precisas, um raio X diário de todos os caminhões”, observou Araújo.
 
De acordo com a Secretaria de Portos (SEP), com essa tecnologia, a Codesp poderá antecipar as informações sobre o volume de caminhões que se dirigem ao Porto, melhorando o planejamento das operações e o tratamento de situações de contingência.
 
Segundo o titular da SEP, um novo pátio de triagem e estacionamento de caminhões permitirá maior capacidade ao sistema de escoamento da safra. A instalação, a ser credenciada pela Codesp, poderá receber até 200 caminhões por vez.
 
“A importância das ações em curso, desse trabalho integrado, é fundamental para o resultado final da agilidade, modernidade e redução de custos”, considerou.
 
O controle da chegada de caminhões será executado com a ajuda de órgãos públicos estaduais e federais e entidades privadas, afirmou Edinho Araújo.
 
Mas a coordenação local será da Codesp, que terá seu papel reforçado – diferente do ocorrido no escoamento da safra passada, quando os protagonistas foram a SEP e a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq, o órgão regulador do setor).
 
Corte de custos
 
Logo após o anúncio do Plano de Escoamento, ao responder perguntas feitas por jornalistas, a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, afirmou que a espera de produtos nos portos é uma crise enorme para o setor agrícola. No entanto, ela observou que a expectativa, diante de medidas que serão adotadas pelo Governo, é de reduzir os custos dessa espera em até 70% neste ano.
 
Kátia afirmou que não existem números consolidados pelos ministérios da Agricultura, dos Portos e dos Transportes para perdas com produtos parados nos portos.Disse apenas que são “alguns milhões em perdas”.
 
Segundo a ministra, as hidrovias são uma prioridade para o Governo. “A presidente Dilma disse que, se reeleita, daria prioridade para hidrovias”, afirmou. Em seguida, para dar dimensão da capacidade de escoamento pelos rios brasileiros, ela classificou os rios Tocantins, Madeira e Tapajós de os três Mississippis do Brasil, em referência ao segundo maior rio em extensão dos Estados Unidos.
 
No escoamento da própria safra, está prevista a utilização de 426 embarcações nas hidrovias Madeira e Tapajós. As barcaças compõe o sistema de transporte do chamado Arco Norte, corredor logístico que o Governo tenta fomentar na região para reduzir a pressão sobre os portos de Santos e Paranaguá.
 
Soja
 
A ministra evitou afirmar se haverá suporte do Governo Federal para o escoamento da safra de soja de Mato Grosso, onde o custo do frete rodoviário já está 25% acima do ano passado. Ela afirmou que o momento de ajuste fiscal promovido pelo Ministério da Fazenda nas contas públicas não permite o comprometimento com subsídios para o escoamento da soja mato-grossense.
 
Kátia aproveitou para enviar uma mensagem para o titular da Fazenda, Joaquim Levy, de que trabalha junto com ele. “Apesar de todo o equilíbrio fiscal que estamos trabalhando, não é a Fazenda contra nós todos. Somos todos com a Fazenda”, disse.
 
A titular da Agricultura voltou a afirmar que o produtor deve olhar para o mercado e não para Levy. “Se tivermos mercado, teremos um Levy com a mão mais aberta”, disse. Com informações da Agência Estadão Conteúdo .