Venda de carros bate recorde em julho

A indústria automobilística teve o melhor julho em vendas, com 364,2 mil veículos, incluindo caminhões e ônibus. Foi também o segundo melhor resultado mensal da história – perde para dezembro de 2010, com 381,5 mil unidades. O setor se prepara para novo recorde em agosto, supostamente o último mês de redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
 
Nos bastidores, as montadoras trabalham com a prorrogação do benefício até outubro, embora na terça-feira o ministro da Fazenda, Guido Mantega, tenha dito que o prazo previsto inicialmente, até dia 31, está mantido.
 
Nos sete meses do ano, as vendas somam 2,081 milhões de veículos, alta de 1,85% em relação a igual período de 2011. Nos cinco meses anteriores (de fevereiro a junho), o saldo comparativo de um ano para outro foi negativo.
 
Só o segmento de automóveis e comerciais leves, beneficiado pelo IPI menor a partir do fim de maio, contabilizou 351,5 mil licenciamentos em julho, 22% a mais que no mesmo mês de 2011 e 3,1% maior que junho passado. No acumulado do ano, as vendas somam 1,983 milhão de unidades, alta de quase 3% ante o mesmo período de 2011, de acordo com dados obtidos no mercado.
 
Alguns modelos estão em falta. Na semana passada, a Fiat anunciou a contratação de 600 funcionários para ampliar a produção de 3 mil para 3.150 carros por dia na fábrica de Betim (MG). Entre os modelos da marca indisponíveis para pronta entrega estão versões de Palio e Grand Siena, com espera de três a quatro semanas, segundo a montadora. Lojistas falam em prazos ainda mais longos.
 
Para Stephan Keese, responsável pela área automotiva da consultoria Roland Berger no Brasil, o aumento verificado nas vendas neste momento "é artificial", em razão de programas de estímulo ao crédito e ao benefício do IPI, cuja alíquota foi zerada para carros 1.0 e caiu à metade para modelos até 2.0, medida que resultou em redução média de 5% a 10% nos preços.
 
Segundo Keese, numa situação estável, o mercado brasileiro consome cerca de 250 mil a 280 mil automóveis por mês. As medidas do governo têm por objetivo estimular as vendas e isso está ocorrendo, diz o consultor, que projeta para o ano números próximos aos de 2011, quando foram vendidos 3,633 milhões de veículos. "Mas a produção vai cair entre 2% a 3%", prevê. No ano passado, o setor produziu 3,4 milhões de veículos.
 
Pesados. O segmento de caminhões vendeu 10.672 unidades no mês passado, praticamente o mesmo volume de junho, mas 31% inferior ao de julho de 2011. As vendas de ônibus aumentaram 13,7% ante junho, para 2.107 unidades, mas foram 22,7% inferiores às de um ano atrás.
 
Entre as montadoras, a Fiat encerrou julho com participação recorde de 23,9% nas vendas de automóveis e comerciais leves. A Volkswagen ficou com 22,3%, a GM com 16,9% e a Ford com 8,4%. Os modelos mais vendidos foram Gol (29,4 mil), Uno (28,2 mil), Fox (19,5 mil), Palio (17,9 mil) e Celta (13,6 mil). Na segunda-feira, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) divulgará o balanço do setor com dados de produção e empregos.