Aumenta procura por motoristas profissionais

Motoristas com renda familiar de até R$ 1.635,00 terão direito a CNH (Carteira Nacional de Habilitação) de graça para as categorias B, C, D e E. O projeto é do senador Clésio Andrade (PMDB-MG) e está na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado antes de seguir para o plenário da Câmara dos Deputados.
 
Um dos objetivos deste projeto é resolver o problema da falta de mão-de-obra especializada no setor de transporte. De acordo com a CNT (Confederação Nacional de Transportes), há 40 mil vagas ociosas no brasil hoje em dia.
 
E esta falta de profissional qualificado também atrapalha as entregas de mercadorias. É isso que afirma o presidente da Abepl (Associação Brasileira de Empresas e Profissionais de Logística), Anderson Moreira. “Falta muito caminhoneiro no país. Mas a dificuldade maior é encontrar motorista com conhecimento em transporte, sabendo dirigir um caminhão moderno”, explicou, lembrando que os novos modelos possuem computador de bordo, funções diferentes no painel, mecanismos avançados para descarga de mercadorias, entre outros itens.

“Há no mercado alguns modelos que precisam de um feedback dos motoristas e, para isso, eles precisam atualizar o computador de bordo e enviar relatórios com o passo a passo da viagem on-line. Mas poucos sabem fazer isso.”
 
Ainda de acordo com o presidente da Abepl, se não for tomada alguma providência imediata, o país deverá sofrer uma escassez de motoristas. “O Brasil está produzindo cada vez mais, a logística já representa 15% do PIB (Produto Interno Bruto) e para que esse crescimento continue será preciso preparar mais motoristas.”
 
Tradição e insistência

O caminhoneiro Douglas Bernardes Marcos Nogueira, 29 anos, teve de se adaptar às exigências da empresa em que trabalha e aprender a usar os equipamentos mais modernos. “A própria empresa deu o treinamento porque há pouquíssimos cursos profissionalizantes para motoristas.”
 
 Ele também fala da falta de profissionais no mercado. “Realmente falta e falta muito. Mas não é qualquer um que pode virar um motorista de caminhão de repente.”
  
Douglas manteve a tradição na família e seguiu a profissão do pai e dos tios, mas não por indicação familiar e sim por opção própria. “Ninguém queria que eu seguisse esse caminho porque é perigoso e tal. A minha família queria que eu estudasse, seguisse outro caminho, mas eu quis ser caminhoneiro, não teve jeito.”
  
Como já viajou por todo o país desde que optou por essa carreira há oito anos, ele sabe o que é preciso para ser um bom motorista. “A profissão não é muito valorizada porque a fama de caminhoneiro não é tão boa assim. Mas muitos são capacitados e sabem enfrentar muitos obstáculos.”
  
O presidente da Abepl confirma que as empresas têm investido nos profissionais. “Faltam cursos profissionalizantes e de capacitação. Muitos acreditam que só tirar a carteira basta, mas as instituições precisam abrir os olhos para essa demanda.”
 
1/5/2012