Vendas de pneus para reposição sobem 10,2%

Enquanto o fornecimento de pneus para montadoras teve queda de 20,9% no País entre janeiro e setembro ante o mesmo período do ano anterior, as vendas para o varejo – destinadas ao mercado de reposição – apresentaram aumento de 10,2%, segundo balanço divulgado ontem pela Anip (Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos).

Para o presidente da entidade, Alberto Mayer, o aumento nas vendas a revendedores tem ligação com o momento atual do País, que registra queda na comercialização de veículos zero-quilômetro. “Os consumidores estão adiando a compra de um carro novo. Assim, reformam o modelo que já têm para aumentar a sobrevida. Outro fator importante é que o Brasil registrou um mercado de veículos aquecido em 2013. As unidades compradas naquela época são as que estão tendo demanda por troca de pneus agora.”

Além disso, Mayer explica que também há relação direta com a alta do dólar. “O câmbio elevado fez diminuir as vendas de pneus importados, aumentando a participação dos modelos nacionais”, explica. Com o fortalecimento do mercado de reposição, a produção da indústria pneumática no Brasil teve alta de 2,7% nos três primeiros trimestres do ano na comparação com o mesmo período de 2014.
Em relação à queda nas vendas de pneus para montadoras – de 14,27 milhões para 11,28 milhões de unidades –, o resultado foi motivado, principalmente, pela retração no segmento de transporte de cargas (-47,3%). Os modelos utilizados nos carros de passeio tiveram a comercialização reduzida em 18,8%. Já as exportações foram reduzidas em 8,5%.

Apesar do desempenho ruim, Mayer assegura que o nível de emprego no setor se manteve praticamente estável. Segundo o presidente do Sindicato dos Borracheiros da Grande São Paulo e Região, Marcio Ferreira, o saldo entre admitidos e demitidos nas indústrias de pneus no Estado ficou negativo de janeiro a setembro, com 465 cortes, o que equivale a queda de 5,21%. O percentual é baixo se comparado a outras atividades. Na mesma base de comparação, pesquisa do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) mostra que, no total do setor produtivo no Grande ABC, foram contabilizados 27,1 mil cortes, fazendo com que o número de empregados na indústria tivesse diminuição de 9,74%.

Na região, informa o sindicalista, a Pirelli, que tem fábrica em Santo André destinada à produção de pneus para máquinas agrícolas e caminhões, cortou cerca de 310 funcionários que tinham contrato temporário de trabalho. Outros 50 ainda prestam serviços na empresa, mas devem ser desligados até o fim do ano. A unidade andreense conta hoje com efetivo de aproximadamente 2.100 operários. Já na Bridgestone – que também tem planta na mesma cidade – o número de empregados permanece estável, na casa de 3.200 pessoas, segundo Ferreira.

O presidente da Anip diz que as empresas do setor estudam aderir ao PPE (Programa de Proteção ao Emprego), mas ainda não há datas definidas.