Vendas de carros zero registram queda de 26%

As vendas de carros zero-quilômetro no País em maio foram as menores, para esse mês, dos últimos oito anos. Somando automóveis e comerciais leves (picapes), as concessionárias venderam 204,98 mil unidades, resultado que é 26% menor que no mês de 2014, quando foram emplacadas 211,6 mil veículos. Em maio de 2007, o setor comercializou 200,3 mil.
 
Esses dados foram divulgados ontem pela Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), que toma como base o cadastro de licenciamentos do Renavam (Registro Nacional de Veículos Automotores). A baixa atividade econômica, a inflação em alta e a elevação das taxas de juros, que afetam as vendas do segmento – em torno de 60% das vendas de carros zero são a prazo – e o alto índice de endividamento das famílias afetaram, mais uma vez, as vendas do setor, na avaliação do presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Júnior. Pesquisa da CNC (Confederação Nacional do Comércio, Bens e Serviços) mostra que 62,4% da população estava endividada em maio, ante 61,6% em abril. As taxas de financiamento também vêm subindo: em março, os juros do CDC (Crédito Direto ao Consumidor) para a pessoa física na compra de carro estava em 1,86% ao mês, ante 1,69% de dezembro.
 
Incluindo também as vendas de caminhões e ônibus, foram comercializados 212,7 mil unidades no mês. Esse resultado só não é pior neste ano do que em fevereiro – que teve menos dias úteis por causa do Carnaval – , quando o segmento conseguiu licenciar só 185,9 mil.
 
No acumulado do ano (ou seja, de janeiro a maio), as vendas das quatro categorias de veículos totalizam 1,1 milhão de unidades, 20,9% menos que no mesmo período do ano passado. “Cada dia que passa há mais pessoas sendo demitidas ou entrando em férias coletivas, e os bancos estão extremamente seletivos”, afirmou o presidente do Sincodiv-SP (Sindicato das Concessionários e Distribuidores de Veículos no Estado de São Paulo), Octavio Vallejo.
 
Vale lembrar que, no Grande ABC, o número de funcionários afastados nas montadoras na primeira quinzena deste mês chega a 28 mil, dos quais 26,4 mil em férias coletivas, folga remunerada e emenda de feriado, 424 em banco de horas e 1.827 em lay-off (suspensão temporário do contrato de trabalho). Só duas montadoras, a Mercedes-Benz, em São Bernardo, e a General Motors, em São Caetano, colocaram, juntas, 12.500 trabalhadores em casa a partir de ontem. A primeira pôs em férias coletivas 7.000 funcionários, por 15 dias, enquanto a segunda deixará 5.500 empregados em casa – com folga remunerada, até o dia 10 e depois, com férias coletivas de 11 a 26 –, parando a montagem de carros durante este mês.