Vendas de caminhões deslancham e lojas já têm fila de espera

Passado o período mais agudo de retração nas vendas de caminhões neste ano, o setor agora convive com as dores do crescimento.
 
O ritmo da retomada da produção nas montadoras não acompanhou a intensidade da recuperação dos pedidos provocando um quadro de falta de produtos, peças e longos prazos de entrega.
 
Nas concessionárias, há vendas contratadas para todo o primeiro trimestre de 2013. Em alguns casos, os modelos mais procurados estão disponíveis só para abril.
 
O setor enfrentou um ano atípico em 2012. A antecipação de compras em 2011 devido à entrada de nova tecnologia juntou-se à falta do novo combustível nos postos e às incertezas com a economia e levaram a uma retração de 20% nos volumes no acumulado até agosto.
 Com estoques altos, a produção foi reajustada para volume 40% inferior. Montadoras suspenderam contratos de trabalho, reduziram jornadas e programaram paradas.
 
Para reverter o quadro, o governo anunciou incentivos como juros negativos e programa de compras públicas. Quando os estímulos passaram a valer, em setembro, o mercado reagiu com força, de olho também na safra recorde de 2013, investimentos em infraestrutura previstos e a retomada da atividade.
 
"O mercado já vinha demonstrando que precisava de produtos, com a taxa [reduzida], ele explodiu", diz Paulo Matias, presidente do conselho de caminhões da Abradif (associação dos concessionários Ford).
 
Segundo ele, o modelo de maior procura na rede da marca só tem entrega para abril, ante um prazo normal de cerca de dois meses.
 "Há falta de caminhão por razão de corte de produção. Hoje, [as marcas] estão com as vendas comprometidas até março. O primeiro trimestre está basicamente acertado,", diz Alarico Assumpção, presidente-executivo da Fenabrave (associação das concessionárias).
 
Se fosse possível faturar todos os pedidos contratados ainda neste ano, a queda seria de 8%, e não 20% como previsto, estima Assumpção.
 
Diante do novo cenário, a Scania interrompeu as paradas na produção. Mercedes e MAN reconvocaram trabalhadores que estavam em suspensão. Esta última já opera com horas extras e cancelou as férias coletivas para ganhar até 15 dias de operação.
 
"Tem alguns modelos que realmente faltam. Quem olhava os primeiros trimestres não esperaria isso no quarto. Você não consegue responder rapidamente. É natural e bom que isso aconteça", afirma o presidente da MAN América Latina, Antônio Roberto Cortes.