Vanessa Cunha: de praticante a comandante de navio petroleiro

Há 13 anos na Transpetro, profissional atravessa oceanos em embarcação da Marinha Mercante; leia a última reportagem da série Mulheres no Comando.

A comandante Vanessa Cunha, 35, ing09essou na Transpetro em 2005, como praticante, e foi admitida como oficial em 2006. Em 2017, a carioca foi promovida a comandante. Desde janeiro deste ano, está à frente do navio Nara. “Na verdade, quando entrei na escola, nem sabia o que era Marinha Mercante. Descobri o que seria da minha história ouvindo experiências de ex-alunos que sempre voltavam do mar e nos contavam sobre como era viajar. Ao realizar uma pequena viagem em um navio graneleiro que transportava bauxita no rio Amazonas, eu me apaixonei pela profissão. Além de amar o que faço, o retorno financeiro é muito bom”, comemora.

Durante vários anos, a bordo de um navio, tem muitas histórias para contar. A mais desafiadora foi cruzar o oceano Índico, na costa Africana, com a presença de um severo ciclone tropical se aproximando do rastro da embarcação. “Fomos atingidos por ventos de cerca de 120 km/h e ondas que ultrapassavam os oito metros, enquanto todo o convés era engolido pelas águas. Foram três dias de tensão, mas o navio seguia firmemente. É uma imagem que nunca vai sair da minha cabeça”, recorda.

Entre uma viagem e outra, a comandante teve que se acostumar com os períodos longe de casa e da família. Ela diz que é muito complicado conciliar datas de aniversários, viagens e eventos, mas contou com o apoio do marido, que é da mesma profissão e trabalha em outra empresa. “Ele sempre me apoiou e me deu força nas minhas escolhas. Além de tudo, tenho grande apoio dos meus pais e do meu irmão, que assumem nossos filhos quando nós dois estamos longe de casa”.

Vanessa ressalta o amor ao ofício e ao significado do trabalho. “Toda vez que alguém me pergunta o que se faz em um navio petroleiro, eu digo para lembrar de uma coisa simples, que é entrar num posto de gasolina e encher o tanque. Somos nós, marítimos, que estamos longe de casa produzindo e transportando esses produtos essenciais para o cotidiano para que milhões possam usar seus automóveis em suas cidades”, explica a comandante.

Ela lembra que já viveu muito preconceito no seu meio de trabalho, mas que, com o decorrer dos anos, isso vem diminuindo consideravelmente. Para ela, o segredo para seguir na profissão foi não dar ouvidos a piadas machistas. “Retruquei tudo que ouvi com trabalho. Até hoje, o meu foco é aprender, fazer e ser reconhecida. É um ciclo que não posso parar. Não se pode acomodar quando se tem uma meta. A minha é ir sempre além. Quanto mais desafiador, mais interessante”, conclui.

Fonte: Agência CNT de Notícias