Transportadores reclamam de custos e dizem que frete permanece estável

A informação de que o preço do frete para transporte de soja bateu recorde neste ano-safra é rechaçada pelos transportadores de grãos de Mato Grosso. Na última segunda-feira, o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) informou que o valor cobrado para levar a soja da cidade de Sorriso (MT) para Santos (SP) estava em R$ 330 a tonelada, mas Dirceu Capeleto, diretor da Associação de Transportadores de Carga de Mato Grosso e presidente da transportadora Bergamasco, disse que este valor  “só é pago pelos produtores despreparados, que não fizeram uma programação de escoamento de safra antes”.

 

Segundo Capeleto, os contratos com as transportadoras são finalizados entre novembro e dezembro, com o valor do frete já estabelecido. E,“somente quem não se programou ou tem alguma emergência de transporte paga R$ 330 ou até R$ 340 a tonelada”.  O valor médio, diz, é de R$ 320 a tonelada, mesmo valor do pico da safra 2012/13. “Isso significa que nossa rentabilidade está menor, porque tivemos um aumento de custos considerável”, reclama.
 

Capeleto cita entre esses aumentos, o reajuste dos pneus, de 4%, e o aumento dos combustíveis, que onera os transportadores em 2% mais. “E teremos mais aumentos agora porque estamos no período de convenções sindicais e as primeiras negociações falam em 10% de reajuste”.  Isso sem contar com os custos relacionados à manutenção dos caminhões por problemas nas estradas. “Este ano, com os investimentos destinados à Copa, o governo de Mato Grosso não fez nem a operação tapa buraco nas rodovias estaduais e está tudo mais precário do que costuma ser”.

 

O transportador afirma que o problema não é só nas estradas estaduais e confirma a informação dada ontem pelo Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor, que a região mais problemática é a da rodovia federal BR 163, no trecho entre Trairão e Novo Progresso, onde 300 caminhões estão parados.  “A construção da estrada está nas mãos de 19 empreiteiras, mas o trecho mais problemático é justamente onde o Exército é responsável, com máquinas velhas. E, no fim, são eles mesmos que têm que desatolar os caminhões”.

 

Ainda segundo o transportador, o escoamento da produção para os portos de Santos e Paranaguá (PR) não deve ter problemas diferentes dos usuais neste período. Os congestionamentos durante o feriado de Carnaval também não devem acontecer porque há restrição de horários para os caminhões circularem pelas rodovias nesta época do ano e o agendamento de horário no porto de Santos também tende a minimizar a situação.